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19/08/2022 às 15h26min - Atualizada em 21/08/2022 às 00h01min

Perda de produtividade no período menstrual: como as cólicas afetam a rotina das mulheres

Especialista em endometriose ressalta importância de quebrar tabus para mais qualidade de vida

SALA DA NOTÍCIA Adriane Garotti

Imagem: Freepik

As dores ligadas ao período menstrual têm uma estreita relação com a perda de produtividade das mulheres. Estima-se que sintomas menstruais sejam responsáveis por quase nove dias de produtividade perdida no ano, seja no trabalho ou nos estudos. Além das cólicas, outros fatores afetam a disposição e o rendimento, como fluxo de sangue muito intenso e oscilações de humor.

Um estudo publicado na revista médica BMJ Journals em 2019, realizado com mulheres na faixa etária de 15 a 45 anos, na Holanda, detectou que apenas 14% das entrevistadas haviam se ausentado de compromissos durante o período menstrual, mesmo com dores. Entretanto, cerca de 81% disseram ter sido menos produtivas por consequência desses sintomas.

Os pesquisadores concluíram que, anualmente, as mulheres ficam ausentes de suas atividades 1,3 dia ao ano em decorrência do período menstrual, mas a perda de produtividade é equivalente a 8,9 dias, já que elas não conseguem desempenhar suas atividades normalmente. 

As discussões sobre o tema ainda são um tabu, o que agrava a situação, já que muitas mulheres se sentem constrangidas em revelar seus desconfortos a empregadores e coordenadores nas escolas e universidades. Assim, acabam trabalhando e frequentando aulas com dores ou, quando se ausentam, não explicitam o real motivo - o mesmo estudo apontou que apenas 20% das mulheres que estiveram ausentes do trabalho por causa de sintomas menstruais revelaram a verdadeira causa a seus empregadores.

“É necessário aumentar a discussão e a conscientização sobre o impacto dos sintomas menstruais no trabalho e as organizações devem estar abertas a isso. Para as mulheres, ainda é desconfortável falar sobre o tema. Trata-se de saúde e precisamos tornar essa discussão mais humanizada”, defende Patrick Belellis, ginecologista especialista em endometriose. 

 

Busca por tratamento 

O fato de as mulheres se sentirem obrigadas a estarem presentes, mesmo sofrendo com as dores, ao contrário do que possa parecer, contribui ainda mais com a falta de produtividade do que a ausência delas ao trabalho poderia ocasionar.

“Ter que estar presente e não abordar seus desconfortos no trabalho, escola ou universidade, também desencoraja a busca por ajuda na investigação destas dores, que podem ser consequência de problemas mais complexos, como a endometriose, por exemplo. O acompanhamento médico é fundamental para que a mulher tenha acesso ao tratamento necessário, o que pode devolver sua qualidade de vida”, acrescenta o médico. 

Embora dor ou desconforto leves possam ser vistos como parte de um ciclo menstrual normal, se ocorrerem de forma mais aguda, afetando atividades cotidianas, é importante buscar ajuda médica.

“Quanto antes a mulher, em idade adulta ou adolescente, procurar um diagnóstico, mais rápido poderá ter uma rotina mais confortável. A dor moderada a grave, por si só, não significa necessariamente que ela tenha endometriose, mas é provável que algo possa ser feito para reduzir o impacto dessas dores sobre a sua rotina”, alerta Belellis.

 

O que é a endometriose

A endometriose acontece quando células do endométrio, a camada interna do útero que é expelida na menstruação, acabam se depositando fora da cavidade uterina, causando reações inflamatórias e lesões. É comum que elas se acumulem nos ovários, na cavidade abdominal, na região da bexiga, intestinos, entre outros locais, podendo até mesmo formar nódulos que afetam o funcionamento de órgãos do corpo.

Sem tratamento, a doença pode atingir formas graves, como a chamada endometriose profunda, que tem sintomas mais severos e deixam a mulher incapacitada para uma rotina normal. De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, 10% a 15% de mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos) têm a doença. 

 

PATRICK BELLELIS –GINECOLOGISTA

Tem ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. É graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC. Possui título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO. Doutorado em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Especialização em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Faz parte da diretoria da SBE (Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva) desde a sua fundação. Médico Assistente do Setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo desde 2010. Professor do Curso de Especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva – Pós- Graduação Latu Senso, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês desde 2011. Professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica – IRCAD – do Hospital de Câncer de Barretos, desde 2012.


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