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06/12/2022 às 09h57min - Atualizada em 07/12/2022 às 00h06min

Aumento na representatividade feminina nas eleições 2022

Especialista em direito da mulher fala sobre da importância desse feito

SALA DA NOTÍCIA Agência Alma
Freepik


O Brasil teve mais mulheres eleitas em 2022, a Bacharel em Direito Sabrina Donatti, especialista em direito da mulher teve uma forte iniciativa durante as campanhas eleitorais, onde realizou diversas lives em suas redes sociais debatendo esse assunto e falando sobre a importância disso acontecer para melhorar a vida não só de mulheres, mas de todos os brasileiros.

Agora, a especialista conta se sua expectativa foi alcançada e como isso vai interferir na vida das pessoas.

Trabalhei duro esse ano com a intenção de todo mundo entender a importância de mais mulheres em locais de poder, então agora está na hora da gente falar sobre a representatividade feminina nas eleições de 2022. Eu sei que pra alguns cargos a gente teve que repetir figurinha, mas a democracia estava em jogo e isso se fez necessário, mas para outros era importante pensar diferente” explica Sabrina.

Porém, será que o aumento da participação das mulheres foi um número significativo? Será que agora já temos uma real democracia no congresso?

Nós já tínhamos tido um aumento da participação de mulheres nas eleições municipais de 2020, mas em 2022 nós batemos um recorde de candidaturas, foram 33,3% de registros nas esferas federal, estadual e distrital. Esse aumento acabou impactando também no número de mulheres eleitas, subimos 18,18% o número de deputadas federais comparado com 2018, mas infelizmente não tivemos um aumento no Senado Federal, eram 27 cadeiras em disputa e apenas 4 mulheres foram eleitas, proporcionalmente falando o número foi maior do que na última eleição, pois em 2018 foi 12,9% dos senadores eleitos e agora foram 14,81%. Essa diferença acontece, porque em 2018 a disputa era de 54 vagas e desse ano, somente de 27, mas acabamos elegendo menos que 2014 que tivemos 5 mulheres eleitas”, analisa a especialista.

Em números, na Câmara dos Deputados havia em disputa 513 cadeiras e 91 mulheres se elegeram Deputadas Federais, antes eram 77. Já nas Assembleias Legislativas subiu de 163 para 190 mulheres ocupando cadeiras. Ainda houve 2 Governadoras eleitas, uma reeleita, Fátima Bezerra do Rio Grande do Norte e em Pernambuco a primeira mulher eleita para governar o estado, Raquel Lyra.

Aumentou? Aumentou! É o suficiente? Nem de perto, porque ainda não reflete a nossa população, temos um maior número de mulheres e isso deveria ser refletido nos locais que representam o povo para que a gente tenha políticas pensadas de igual para igual. Pois quem não passa o problema, tem dificuldade de entender ou saber que ele existe”, conta Sabrina, que completa.

Por exemplo, mulheres usam absorvente, então elas sabem que isso não é um item de luxo, mas um item de saúde, são as mulheres que perdem emprego por não terem com quem deixar seus filhos, então são elas que entendem a necessidade de mais vagas nas creches e de horário integral. São as mulheres que precisam de delegacias especializadas, por crimes que só acontecem com elas, então elas sabem que precisam de leis e estrutura pra melhor atendê-las”.

De fato, os números não são os que a especialista esperava, porém, de acordo com ela, houve um aumento e isso é muito bom, porque foram as mulheres que decidiram as eleições, visto que em diversos debates as pautas femininas e a busca de votos no eleitorado feminino estavam muito presentes.

Mais um dado bom para se comemorar é o aumento na pluralidae de representação na Câmara. Haverá mais mulheres, mas são 64% brancas, negras 32% e indígenas 4%. E uma das deputadas mais votadas é uma mulher negra e trans, a Erika Hilton. É menos do que a gente queria, mas temos nomes muito fortes nacionalmente e que lutam pelas pautas que precisamos.

Sim, mas o que isso muda de fato e que vai impactar na nossa vida? Mostra que as mulheres agora estão na disputa, elas querem o seu espaço e são peças importantes. As mulheres tiveram a decisão das eleições nas mãos, aqueles números que foram oscilando dos candidatos a presidência tinham a nossa mão ali, porque nós mulheres entendemos que não queremos mais ser deixadas de lado nas decisões políticas, nós estamos buscando o nosso protagonismo. A gente compreendeu que as nossas pautas são relevantes, não importando o lado político, tanto que vimos uma divisão de ideologias eleitas, no Senado, por exemplo, a gente terá Damares Alves a ex ministra do “meninas usam rosa e meninos usam azul”, que foi atrás de uma criança que foi estuprada com direito ao aborto seguro para que ela colocasse sua vida em risco e não abortasse”.

Analisando, teremos mais mulheres, mas nem todas elas com pautas progressistas e voltadas ao Direito das Mulheres, algumas estarão lá só para perpetuar os homens no poder. E é um alerta, pois metade das candidatas eleitas na câmara dos deputados estão à direita no espectro político de acordo com seus partidos e que podem colocar barreiras nos avanços que a gente espera.

No todo o que vimos para as mulheres é uma mudança, mostra um começo de representatividade e pode impulsionar projetos voltados a equidade de gênero que nos foi renegado nos últimos anos e que acaba por impactar toda a sociedade.

Então, é importante a representação que haverá, elas vão fazer barulho, vão mostrar a sua importância, mas ainda estão em minoria, e isso acaba sendo uma enorme barreira pra conseguirmos emplacar bons projetos de lei voltados a nós, então precisamos mobilizar mais meninas e mulheres para as próximas eleições. Necessitamos também de mais mulheres em locais de poder pra se juntarem com as nossas representantes e conseguirmos mexer com as estruturas não somente públicas, mas também privadas”, finaliza.


 

Sobre Sabrina Donatti:

Sabrina Donatti é bacharel em direito e especialista em direito da mulher. Formada na Universidade Federal de Pernambuco. Durante as campanhas políticas, trouxe para suas redes sociais o quadro “Mulheres na Política”, onde debateu com personalidades que estão ali representando as mulheres contando o que muda e o que melhora com elas no poder.


 

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