02/03/2023 às 13h59min - Atualizada em 06/03/2023 às 08h00min
Menopausa aumenta risco cardiovascular, mas mulheres são atingidas por infarto e AVC muito antes
No mês do Dia Internacional da Mulher, a SOCESP promove uma campanha de alerta e destaca que muitas cardiopatias são ainda mais frequentes no sexo feminino - a cada 12 minutos uma mulher morre por infarto e a cada 10 minutos por AVC no país
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Divulgação SOCESP O risco cardiovascular aumenta muito com a chegada da menopausa, mas as mulheres já sofrem antes o impacto dos fatores de risco como hipertensão, colesterol elevado, diabetes e estresse. A consequência é que elas estão infartando e tendo AVCs mais jovens, numa fase em que esses eventos não eram registrados. A coordenadora do SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) Mulher, Lília Nigro Maia, lembra que a cada 12 minutos uma mulher morre infartada no país e a cada 10 minutos uma perde a vida por conta do AVC. As doenças do coração feminino superam em mais de duas vezes o número de óbitos por todos os tipos de câncer anualmente. “Há cerca de 60 anos este tipo de patologia matava nove homens para cada mulher e hoje estes números são equivalentes. Alimentação inadequada, baixa atividade física, consumo de álcool e tabagismo são alguns fatores que corroboram para este cenário, que ganha incidência mais ampla nas classes sociais menos favorecidas. Vários estudos internacionais já vêm demonstrando o que os cardiologistas constatam nos consultórios. “Entre os trabalhos sobre o tema, a Associação Americana de Cardiologia aponta a síndrome coronariana aguda como responsável por 35% dos infartos em mulheres com menos de 50 anos sem fatores de risco. Já a Pesquisa Internacional de Síndromes Coronarianas Agudas em Países em Transição – nações como a Rússia que estão implementando economia de mercado – concluiu que o infarto foi a mais comum manifestação clínica em jovens (68% versus 59,6% em pacientes mais velhos) e as mulheres aqui representaram as maiores taxas de mortalidade em 30 dias após a ocorrência, considerando o mesmo tipo de tratamento dispensado aos homens”, destaca a integrante do SOCESP Mulher e diretora da entidade, Salete Nacif. Coração Feminino A cardiologista explica que entre os problemas cardíacos que acometem as jovens temos a MINOCA (Myocardial Infarction and Nonobstrutive Coronary Arteries ou Infarto do Miocárdio na Ausência de Obstrução Arterial Coronariana), que compromete a microcirculação coronariana e atinge 10,5% das mulheres e apenas 3,4% dos homens. Há também a dissecção espontânea de artéria coronária, uma laceração que retarda ou bloqueia o fluxo sanguíneo para o coração, causando ataque cardíaco e até morte súbita. Outra cardiopatia que afeta mais as mulheres, nove vezes mais do que os homens, é a Síndrome de Takotsubo, ouSíndrome do Coração Partido, identificada em pessoas submetidas a situações extremas, tanto do ponto de vista emocional como físico. Este pico de estresse favorece uma descarga de adrenalina no organismo e o resultado é o estreitamento temporário das artérias que irrigam o coração, modificando o funcionamento do músculo cardíaco, com chances de provocar lesões graves, sendo fatal em 10% dos casos, normalmente quando não é possível o socorro adequado a tempo. Outros fatores E existem outras doenças associadas que contribuem para um infarto mesmo com pouca idade. “É o caso do ovário policístico, disfunções de hipertensão na gravidez, diabetes gestacional e parto prematuro, além da menopausa precoce. Fatores convencionais de risco cardíaco – como obesidade, tabagismo, colesterol alto – também justificam o acometimento das mulheres mais novas, uma vez que a alimentação desregrada (que pode promover a obesidade, colesterol e hipertensão) e o cigarro estão presentes na realidade destas moças”, completa Salete Nacif. A presidente da SOCESP, Ieda Jatene, informa que a entidade reuniu todos esses trabalhos científicos para formular postagens nas mídias sociais e no site da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, além de entrevistas com especialistas que serão exibidas para a população em geral detalhando e esclarecendo sobre o assunto durante a campanha ao logo do mês de março. “O fato de as mulheres assumirem responsabilidades cada vez mais cedo, enfrentando rotinas puxadas e jornadas duplas ou triplas, que incluem estudo, trabalho e cuidados domésticos pode explicar esta mudança de cenário, que as coloca como alvo. E as mais jovens acabam negligenciando os sintomas por não acreditarem pertencer ao grupo de risco”, esclarece a cardiologista.