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03/04/2023 às 14h23min - Atualizada em 04/04/2023 às 00h01min

Ponto Fatal

por Adriano Paranaíba

SALA DA NOTÍCIA Kasane Comunicação Corporativa
Arquivo pessoal



Quando o assunto é mobilidade urbana, os acidentes no trânsito assumem um papel importante para técnicos, gestores e população em geral – a segurança do usuário deve sempre estar em primeiro lugar. Tristemente, a região metropolitana de Goiânia está inaugurando uma nova modalidade de acidente: o desabamento de abrigos de ponto de ônibus. Fatidicamente, abrimos as estatísticas com dois acidentes, um em Aparecida de Goiânia e outro no Jardim América, em Goiânia, os dois com vítimas, sendo o primeiro que ocorreu, no início de março, com uma morte.

Não quero abrir a discussão sobre a obrigatoriedade ou não de abrigos de ponto de ônibus ou se o melhor seriam estações tubos (tais quais do BRT de Curitiba) ou simplesmente paradas de ônibus com placa de sinalização. Também não quero falar se os abrigos estão atendendo as regras propostas pelo Ministério das Cidades, como largura mínima, vedação, tipo de mobiliário, ou se a infraestrutura é adequada para a demanda, nada disso. Infelizmente, meu apontamento aqui é óbvio e que nem precisaria ser falado, o que revela como a mobilidade urbana é tratada pelas autoridades. A pergunta que quero fazer é: quem é responsável pela manutenção das paradas de ônibus na Região Metropolitana de Goiânia?

O que temos como resposta é que até 2018 os pontos de ônibus eram responsabilidade da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), mas após janeiro do mesmo ano a responsabilidade foi dada às prefeituras que compõe a Região Metropolitana de Goiânia. A incumbência de construção e manutenção das paradas de ônibus das prefeituras, pelo visto, nunca foram exercidos, o que é uma situação constrangedora, pois nos momentos em que a administração pública cobra a responsabilidade dos cidadãos, como por exemplo o pagamento do IPTU, a celeridade é de uma pontualidade britânica.

A resposta que a sociedade recebe é a mais abjeta possível: o famoso jogo do empurra-empurra, e como diz o ditado popular: “filho feio não tem pai”, ninguém assume a bronca. A sugestão que faço é esperarmos a inauguração de alguma obra de mobilidade urbana e ver quem disputará um espaço no palanque (que por sinal, ano que vem teremos muitos na eleição municipal), sempre cheio de ‘autoridades’. Mas temo que este dia não chegue, visto que mais de 54% das paradas de ônibus estão abandonadas na região metropolitana.

Ter responsabilidade é, sobretudo, a obrigação de responder pelas ações inerentes a quem é delegada tal responsabilidade. Quer ser respeitado pela população? Assuma sua responsabilidade, dê satisfação para a sociedade, para a família do ajudante de pedreiro que morreu querendo se proteger da chuva. Precisamos dar um ponto final no descaso com os cidadãos que são obrigados a conviver todos os dias com pontos fatais.




Adriano Paranaíba é economista, doutor em transportes e coordenador do Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade  
























 
 
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