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10/09/2023 às 11h09min - Atualizada em 11/09/2023 às 00h01min

Câmara do Rio institui 24 de junho como Dia do Jongo

Ritmo africano era dançado pelos escravos nas fazendas de café. Ao chegar ao Rio de Janeiro, deu origem ao samba.

Agencia Brasil - GERAL
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-09/camara-do-rio-institui-24-de-junho-como-dia-do-jongo


A Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou o Projeto de Lei 5.146, que institui o dia 24 de junho como o Dia Municipal do Jongo, ritmo de origem africana, considerado o pai do samba carioca.



Para a vereadora Monica Cunha (Psol), autora da proposta, a instituição da data significa valorizar a cultura negra. “A gente não pode deixar que o racismo invisibilize e não mostre o que a população negra fez e faz de bom para esta cidade”.



A data escolhida marca o aniversário de vovó Maria Joana, jongueira tradicional do Morro da Serrinha e uma das fundadoras da escola de samba Império Serrano. “Ela começou a implementar o jongo dentro da Serrinha e as pessoas de 30, 40, 50 anos já levaram para a juventude e, hoje, as crianças da Serrinha, com 3 e 4 anos, também fazem roda de jongo. Por isso, não tem como o projeto não levar o nome dessa referência”.



A forma de expressão do jongo é reconhecia como patrimônio cultural do Brasil.




Rio de Janero (RJ) - Dia Municipal do Jongo - A vereadora Monica é a que segura o documento. Foto: Caio Oliveira

Rio de Janero (RJ) - Dia Municipal do Jongo - A vereadora Monica é a que segura o documento. Foto: Caio Oliveira






Rio de Janeiro (RJ) - Vereadora Monica Cunha (ao centro) e representantes do jongo - Foto: Caio Oliveira



A vereadora pretende organizar, em 2024, a primeira festa para comemorar o Dia Municipal do Jongo, com uma roda de jongo na Serrinha, homenageando vovó Maria Joana, que foi mãe de santo, rezadeira e líder comunitária. Graças à sua atuação e de sua família, o jongo transformou-se em patrimônio imaterial do país. Os encontros que realizava garantiram a preservação e reinvenção da tradição africana, permitindo que a Serrinha fosse uma das últimas comunidades urbanas do Rio de Janeiro a preservar o jongo e a fortalecer os laços identitários entre seus praticantes. Daí o local ter sido escolhido para sediar a festa.



Para elaborar o projeto, a vereadora se reuniu com diversos grupos culturais que lutam para preservar a cultura afro-brasileira, como o Jongo da Serrinha e o Caxambu do Salgueiro, que mantêm ativa essa expressão cultural como forma de resistência e reinvenção da cultura afro.



Jongo



Também chamado caxambu, o jongo é um ritmo que tem suas origens na região do Congo-Angola. Ele chegou ao Brasil no período colonial com os negros de origem bantu, trazidos para o trabalho escravo nas fazendas de café do Vale do Rio Paraíba, no interior dos estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo. Os donos das isoladas fazendas de café permitiam que a população negra dançasse o jongo nos dias dos santos católicos, sendo essa festa um dos poucos momentos permitidos de troca e confraternização entre os escravos.



Como só os mais velhos podiam entrar nas rodas e pelo fato de se restringir aos ambientes familiares, o jongo acabou sendo pouco divulgado e levado a um processo de quase extinção, ao contrário do samba, que se espalhou nacionalmente. Após o fim da escravidão, os ex-escravos e seus descendentes que trabalhavam na região do Vale do Rio Paraíba, e não tiveram direito à terra, migraram para a cidade do Rio de Janeiro, então capital do país, em busca de melhores oportunidades. 



Com isso, o Rio se tornou a região do Brasil com maior concentração de jongueiros, que continuaram a dançar em novos redutos, como os morros de São Carlos, Salgueiro, Mangueira e Serrinha. O ritmo tornou-se o mais tocado no alto das primeiras favelas por aqueles que seriam os fundadores das escolas de samba, antes mesmo da popularização desse gênero musical. 




Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-09/camara-do-rio-institui-24-de-junho-como-dia-do-jongo
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