A PNDS 2023 é realizada em parceria com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) do Ministério da Saúde. A pesquisa reúne informações sobre avaliação do estado de saúde e satisfação com o atendimento no serviço de saúde; situações da vida familiar, como uniões, planejamento reprodutivo, filhos, realização de pré-natal, conhecimento e uso de métodos contraceptivos, entre outros; saúde e nutrição das crianças de até cinco anos; e questões da vida individual de homens e mulheres.
Já a coleta de orientação sexual foi aprimorada em relação a feita em 2019, no âmbito da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Na época, os respondentes podiam se identificar como heterossexuais, homossexuais ou bissexuais. Agora, serão dadas as opções: lésbica, gay, heterossexual, bissexual, outro, não sabe ou não quis responder.
Os resultados dessa questão do PNS foram divulgados em 2022. Os dados mostraram que 94,8% da população adulta identificam-se como heterossexuais, ou seja, têm atração sexual ou afetiva por pessoas do sexo oposto; 1,2%, ou 1,8 milhão, declara-se homossexual, tem atração por pessoas do mesmo sexo ou gênero; e, 0,7%, ou 1,1 milhão, declara-se bissexual, tem atração por mais de um gênero ou sexo binário.
“A gente demorou a divulgar os resultados porque a gente achou que o resultado parecia subestimado em relação a pessoas que tinha se auto identificado como homossexual ou bissexual. A gente tinha entendido que a gente tinha tido algum problema de captação. Então, da divulgação para cá, a gente passou a estudar o tema”, diz a diretora-adjunta da Diretoria de Pesquisas do IBGE, Maria Lucia Vieira.
O IBGE montou então um grupo de discussão para elaborar melhor a questão de modo a gerar menos dúvidas na hora da resposta. Um dos problemas apontados foi a confusão com os termos homossexual e heterossexual. Por isso, o instituto utilizará os termos lésbica e gay.
Para a professora de psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro, Jaqueline Gomes de Jesus, a coleta é importante para que se possa mapear essa população e melhor elaborar políticas públicas. “Acho que tem um impacto anterior até a própria realização da pesquisa que é o didático. Já tem um conteúdo formativo de haver uma auto reflexão sobre a identidade da pessoa, isso já é didático. Acho que o mais interessante é dar visibilidade para as pessoas e, para políticas públicas, para que sejam pautadas por dados mais consistentes”, diz.
A pesquisa também coletará, entre outros dados, informações sobre o estado de saúde físico e mental dos respondentes, sobre a procura por atendimento em unidades básicas de saúde e, em caso de acesso a esse atendimento, a avaliação do atendimento recebido.
Há ainda um módulo específico para tratar sobre pré-natal e parto realizados pelas mulheres, de forma a identificar se os protocolos estão sendo seguidos, se a mulher teve gravidez de risco, qual era o desejo inicial sobre o parto e qual tipo de parto foi realizado, entre outras informações. O tema de pré-natal também é abordado para o homem, para saber se houve participação e a intensidade dessa participação.
Outro destaque é a saúde de crianças com idade até 5 anos, com questões sobre alimentação, hábitos de uso de telas, atividades do desenvolvimento da criança e sobre o acometimento de doenças frequentes na infância, como febre, tosse, diarreia, infecções respiratórias agudas. Para as crianças até 3 anos são coletadas informações sobre exames de triagem neonatais (teste do pezinho, orelhinha, olhinho e coraçãozinho), além do registro das vacinas tomadas.
Esta é a quarta rodada da pesquisa no país, que já teve edições nacionais em 1986, 1996 e 2006. Mas, é a primeira vez que o levantamento é realizado pelo IBGE.
O IBGE informou que os entrevistadores estarão portando crachá de identificação e dispositivo de coleta. É possível confirmar a identidade do agente do IBGE no site Respondendo ao IBGE ou pelo telefone 0800 721 8181. Para realizar a confirmação, o cidadão deve fornecer o nome, matrícula ou CPF do entrevistador.
*Com informações de Tâmara Freire