Boletim divulgado na sexta-feira (27) pelos institutos de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) informa que a maioria das carcaças é de botos-vermelhos, assim como ocorreu em Tefé, e que amostras dos animais mortos estão sendo coletadas para análise na busca de compreender a causa das mortes. A alta temperatura da água é apontada como a maior hipótese.
Em Tefé, pesquisadores do Instituto Mamirauá seguem realizando o monitoramento contínuo dos botos-vermelhos e tucuxis do Lago Tefé, bem como da qualidade da água do lago. Equipes de voluntários profissionais estão apoiando as atividades de monitoramento e se revezando junto com pesquisadores locais.
“Com o nível do lago ainda muito baixo, persistem as chances da temperatura da água do lago voltar a subir bastante, comprometendo os animais residentes. Nos últimos dias, a temperatura da água no ponto P1 de monitoramento tem se mantido elevada entre 36 e 37,7°C”, diz o boletim.
Um flutuante de reabilitação foi estruturado para receber e tratar animais que apresentem sinais clínicos drásticos.
Desde o dia 23 de setembro, foi identificado um evento incomum de mortalidade de botos e tucuxis na região do Lago Tefé, no Médio Solimões, no interior do Amazonas. Um total de 155 animais veio a óbito, sendo 131 botos-vermelhos e 24 tucuxis.
Desse total, 123 animais passaram por exames de necrópsia, com amostras de tecidos e órgãos dos animais enviados para diversos laboratórios especializados distribuídos pelo Brasil.
A seca e a temperatura da água chegou a 39,1°C às 16h no dia 28 de setembro, quando 70 botos morreram. Uma operação, com participação de diversos órgãos, foi montada para socorrer os animais ainda vivos.
Para evitar mais mortes de botos em trechos de águas mais quentes do Lago Tefé, os pesquisadores montaram uma espécie de cordão para isolar esses trechos e conduzir os botos para áreas mais profundas do lago, onde a temperatura é mais baixa.
Apesar de a alta temperatura seguir como causa mais provável, os pesquisadores não descartam outras possibilidades como alguma contaminação da água ou doenças nos animais. Além das altas temperaturas medidas no lago durante o período da tarde, há também uma grande variação da temperatura da água durante o dia, chegando a variar entre 28°C e 38°C diariamente.
“Tivemos 17 indivíduos já avaliados com análises histológicas e até o momento não há indício de um agente infeccioso relacionado como causa primária da mortalidade. O diagnóstico molecular (PCR) de 18 indivíduos também deu resultado negativo para os agentes infecciosos Morbillivirus, Toxoplasma, Clostridium, Mycobacterium e Pan-fúngico, associados a mortes em massa”, informa o boletim.