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02/03/2024 às 17h17min - Atualizada em 03/03/2024 às 00h00min

Fechamento da Télam prejudicaria direito de argentinos à informação

Para diretor da Repórteres Sem Fronteiras, Arthur Romeo, decisão impacta, por exemplo, na presença que as diferentes regiões têm na agenda midiática nacional.

Agência Brasil - Últimas Notícias
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A decisão do presidente argentino Javier Milei de encerrar as atividades da Agência de Notícias pública Télam, que foi fundada em 1945, deve gerar impactos ao direito à informação por parte da população daquele País. Essa é uma avaliação de entidades ligadas à comunicação.



Na noite de sexta (1º), na abertura das sessões do Congresso Nacional, Javier Miler afirmou que seu governo vai “fechar a agência Télam” com o argumento de ter sido “utilizada nas últimas décadas como agência de propaganda kirchnerista”. 



Na avaliação do diretor do escritório da “Repórteres Sem Fronteiras” para a América Latina, o jornalista brasileiro Artur Romeu, o fechamento da principal agência de notícias (de quase 80 anos de história) é “lamentável” e um “desrespeito” com a sociedade argentina. “A comunicação pública é um aspecto essencial do direito ao acesso de informação, na medida em que fortalece o pluralismo no horizonte midiático, que na Argentina é historicamente marcado por uma alta concentração”.



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Para Romeu, a decisão impacta, por exemplo, na presença que as diferentes regiões têm na agenda midiática nacional. Ele argumenta que as informações que são veiculadas pelo País e também para o exterior são limitadas à capital Buenos Aires. “A Télam e a Radio Nacional são os únicos meios públicos com correspondentes em todas as províncias do país”, explicou.



“Fortalece desinformação”   



A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas brasileiros (Fenaj), Samira de Castro, avalia que a decisão de Milei é “preocupante” ao atentar “contra o direito de acesso à informação da população naquele país”. Para a jornalista brasileira, o fechamento da Télam faz parte de uma estratégia política de “fortalecer sistemas de comunicação desinformativos para fazer prevalecer a narrativa da extrema direita ultraliberal”.




Brasília (DF) 26/10/2023   Comissão de Comunicação da Câmara realiza audiência pública sobre a importância da formação superior para o exercício do jornalismo. ( Samira de Castro Cunha, presidenta da FENAJ).  Foto Lula Marques/ Agência Brasil

Brasília (DF) 26/10/2023 Comissão de Comunicação da Câmara realiza audiência pública sobre a importância da formação superior para o exercício do jornalismo. ( Samira de Castro Cunha, presidenta da FENAJ). Foto Lula Marques/ Agência Brasil






Samira de Castro Cunha, presidenta da FENAJ. Foto Lula Marques/ Agência Brasil



A decisão de Milei sobre o sistema de comunicação público e comunitário na Argentina, na avaliação da presidente da Fenaj, tem relação com a visão de que a agência de comunicação é pública e não estatal. “Os governos ultraliberais tratam o serviço público como gasto do Estado. Querem manter apenas o mínimo, inclusive cortando em áreas sociais”. 



Ela entende que ataques à comunicação pública também ocorreram no Brasil nos últimos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, por exemplo, com redução de funcionários, fim do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e inclusão da empresa na lista de privatizações.



“Deveria garantir autonomia”



Para Artur Romeu, da Repórteres Sem Fronteiras, é necessário avaliar que desafios na comunicação pública deveriam provocar a criação de mecanismos de melhorias, como o fortalecimento de medidas para garantir autonomia editorial em relação ao Poder Executivo e a ampliação do orçamento para modernização de equipamentos.



Na Argentina, neste sábado, o Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (SiPreBA) repudiou o anúncio de encerramento da Agência Nacional de Notícias Télam em vista da “qualidade e profissionalismo” do serviço prestado aos argentinos. “Ratificamos nosso compromisso de defender seu papel social e seus trabalhadores”, afirmou o sindicato em comunicado. 




Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-03/fechamento-da-telam-prejudicaria-direito-de-argentinos-informacao
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