“Esses números passam a mensagem de perigo iminente para quem circula na região metropolitana do Rio de Janeiro. Presenciamos, dia após dia, tiroteios em operações policiais e em disputas entre facções criminosas. E, a qualquer momento, esses tiros podem resultar em vítimas. Traz uma sensação de insegurança contínua, porque, independentemente de onde você circula, se está saindo cedo ou tarde, pode ser alvo da violência armada. Isso por conta da dinâmica que a segurança opera no Rio. Uma lógica bélica, de confronto e disputa por territórios”, disse Carlos Nhanga, coordenador do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-10/sobe-para-tres-numero-de-mortos-apos-acao-policial-no-rio
O estudo também indica que, das 156 vítimas nos últimos oito anos, 40 foram atingidas em meio a ações policiais: 12 morreram e 28 ficaram feridas.
“O impacto nas favelas já é motivo suficiente para questionar a efetividade dessas operações. Se você entra em um lugar onde moram e circulam milhares de pessoas para uma operação, você está assumindo o risco de colocar essas pessoas na linha de tiro. E o segundo ponto é que o tiroteio repercute para além das favelas, como nas vias próximas. E são diversos serviços públicos que são afetados por essas operações”, disse Nhanga.
O Fogo Cruzado mapeou os números de baleados dentro do transporte público desde 2016:
● 2016: 6 baleados no transporte público – 3 mortos e 3 feridos
● 2017: 27 baleados no transporte público – 7 mortos e 20 feridos
● 2018: 30 baleados no transporte público – 10 mortos e 20 feridos
● 2019: 21 baleados no transporte público – 6 mortos e 15 feridos
● 2020: 20 baleados no transporte público – 10 mortos e 10 feridos
● 2021: 21 baleados no transporte público – 8 mortos e 13 feridos
● 2022: 9 baleados no transporte público – 3 mortos e 6 feridos
● 2023: 8 baleados no transporte público – 6 mortos e 2 feridos
● 2024: 14 baleados no transporte público – 3 mortos e 11 feridos
O passageiro atingido na última quarta-feira (30) foi a 93ª vítima de bala perdida na Região Metropolitana do Rio em 2024. Ou seja, não necessariamente em transporte público, como apresentado nos números anteriores. No total, 20 pessoas morreram e 73 ficaram feridas. Em 2023, neste mesmo período entre janeiro e 31 de outubro, foram 126 pessoas vítimas de balas perdidas: 41 morreram e 85 ficaram feridas.
“As pessoas que moram no Rio estão mais suscetíveis de serem vítimas de bala perdida no transporte, na rua, em casa, por conta dessa dinâmica do confronto. A Bahia, por exemplo, tem dinâmica parecida, mas não com tiroteios tão frequentes quanto no Rio. Aqui, você tem tiroteios todos os dias em diversas comunidades, envolvendo a polícia ou não”, conclui Nhanga.