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14/07/2021 às 22h52min - Atualizada em 15/07/2021 às 00h00min

Diretora da Precisa se contradiz na CPI sobre datas do envio de notas fiscais de vacina ao Ministério da Saúde

Um dia depois de se negar a falar na CPI, Emanuela Medrades prestou depoimento. Numa tentativa de desacreditar as denúncias dos irmãos Miranda, ela repetiu a última versão do governo sobre datas de envio de notas fiscais referentes à venda da vacina Covaxin, mas foi confrontada com documentos e vídeos.

G1 - Notícias
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Um dia depois de se negar a falar na CPI, Emanuela Medrades prestou depoimento. Numa tentativa de desacreditar as denúncias dos irmãos Miranda, ela repetiu a última versão do governo sobre datas de envio de notas fiscais referentes à venda da vacina Covaxin, mas foi confrontada com documentos e vídeos. Diretora da Precisa se contradiz na CPI sobre datas do envio de notas fiscais de vacina ao Ministério da Saúde
Um dia depois de se negar a falar na CPI, a diretora da Precisa Medicamentos prestou depoimento. Numa tentativa de desacreditar as denúncias dos irmãos Miranda, Emanuela Medrades repetiu a última versão do governo sobre datas de envio de notas fiscais referentes à venda da vacina Covaxin, mas foi confrontada com documentos e vídeos.
Emanuela Medrades respondeu às perguntas dos senadores durante seis horas, bem diferente do comportamento de terça-feira (13).

Ela começou negando qualquer irregularidade da Precisa na intermediação da compra de 20 milhões de doses da Covaxin por R$ 1,6 bilhão.

A Precisa entrou na mira da CPI após a denúncia do servidor Luis Ricardo Miranda, chefe de Importação do Ministério da Saúde. Ele disse que sofreu pressão atípica de superiores para liberar a importação da Covaxin.

Emanuela Medrades confirmou que a primeira reunião da Precisa com o Ministério da Saúde foi em novembro. No dia 25 de fevereiro, o contrato estava assinado, mesmo sem o aval da Anvisa para o uso da vacina, e o preço, US$ 15, foi quatro vezes maior que a vacina mais barata, a AstraZeneca, da Fiocruz.

Uma das preocupações do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público é justamente o preço negociado pelo Brasil.

O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues, da Rede, leu um documento enviado à CPI pelo Ministério da Saúde com os detalhes de uma reunião em novembro que teve a participação de Emanuela e de representantes do laboratório Bharat Biotech. O documento mostra que a vacina foi ofertada por US$ 10 a dose. Emanuela negou.

"O que eu posso garantir é que não houve nenhuma oferta de US$ 10 por dose, e nós, o tempo todo, tentamos que esse produto fosse mais barato para o Brasil", disse Emanuela.

Renan Calheiros (MDB/AL): A memória da reunião é mentirosa. É isso?

Emanuela: Sim, senador, é mentirosa.

Renan: A Precisa não ofertou...

Emanuela: Nem a Bharat.

Renan: Mas a memória não diz que foi a Precisa que não ofertou.

Emanuela: Não. Nem a Bharat, senador. Nem a Bharat ofertou.

Simone Tebet (MDB/MS): A questão do valor precisa ser esclarecida em tempo, a tempo. Não precisa ser agora, mas é importante, porque eu escutei vossa excelência falando que o valor é de US$ 10, podendo ser reduzido. Nós aumentamos o número de doses, esses US$ 5 por vacina, por dose, foi para quem ou iria para quem? Essa é uma pergunta que pode ser colocada nessa mesa.

Outra preocupação da CPI é saber se o presidente Jair Bolsonaro foi avisado de supostas irregularidades no contrato e não tomou nenhuma providência.

O servidor Luis Ricardo Miranda afirmou que o governo recebeu a primeira fatura comercial para importação da Covaxin, chamado invoice, no dia 18 de março, cheio de irregularidades, e que ele e o irmão, o deputado Luis Miranda, relataram o caso ao presidente Jair Bolsonaro no dia 20 de março.

No encontro, eles apontaram que o invoice trazia um número de doses da vacina menor do que o previsto no contrato e a exigência de pagamento antecipado de US$ 45 milhões. O acordo só previa o pagamento após a entrega das doses.

O consultor do Ministério da Saúde, William Santana também afirmou à CPI que recebeu o primeiro invoice no dia 18 de março. Emanuela apresentou outra data.

Renan: Em que dia foi encaminhada o primeiro invoice da Covaxin ao Ministério da Saúde?
Emanuela: No dia 22 de março, às 10h21 ou 10h22.

O relator, Renan Calheiros, do MDB, exibiu, então, um vídeo de uma audiência pública do Senado, no dia 23 de março, em que a própria Emanuela deu uma versão diferente. Na ocasião, ela disse que enviou invoices na quinta-feira anterior à audiência, 18 de março.

“Também estamos usufruindo para poder importar esse produto em caráter excepcional. Inclusive, na quinta-feira passada, nós fizemos o pedido, encaminhamos os invoices, alguns documentos. Temos alguns documentos para serem retransmitidos ao pessoal do Dimpe e estão todos super solícitos, nos atendendo de uma forma, pensando realmente na urgência que o assunto demanda”, disse Emanuela na ocasião.

Mas Emanuela insistiu à CPI que o documento só chegou ao ministério no dia 22 de março.

Emanuela: Na quinta-feira, foi a primeira vez que eu encaminhei documentos técnicos para o Ministério da Saúde, através do Departamento de Importação. Mas, ainda assim, eu já disse aqui, eu não fui detalhista nas questões das datas – eu não fui. E eu já provei que esse documento não estava com o ministério no dia 18, ele só apareceu no dia 22. E, mais uma vez, eu desafio o William Amorim e o Luis Ricardo a demonstrarem o contrário, porque eu provei e eu provo quantas vezes for necessário.

Fernando Bezerra (MDB/PE): Essa informação é importante, viu, senhor relator, senhor presidente?

Marcos Rogério (DEM/RO): Muito importante.

Bezerra: É muito importante fazer a acareação.

Marcos Rogério: É isso aí. Se querem a verdade, bote frente a frente.

Bezerra: Porque, na verdade, cai por terra... O suposto crime de prevaricação cai por terra.

Marcos Rogério: É isso.

Bezerra: É muito importante a gente trazer os servidores.
Essa versão foi apresentada pela primeira vez pela tropa de choque do governo no depoimento de William Santana, na semana passada.

O presidente da CPI, Omar Aziz, do PSD, disse que fará a acareação entre Emanuela, Luis Ricardo e William Santana.

O senador Marcos Rogério, do Democratas, saiu em defesa do governo. Disse que toda discussão não fazia sentido porque o governo não pagou nada pelas vacinas da Covaxin.

Marcos Rogério: Eu lhe pergunto objetivamente: quanto a empresa Precisa ou a Bharat recebeu deste governo, do governo Bolsonaro, nesse contrato?

Emanuela: Nada.

Marcos Rogério: Não, não. Espere aí. A oposição disse aqui que esse é o maior esquema de corrupção do governo Bolsonaro. Eu vou lhe fazer a pergunta de novo: quanto o governo, o Ministério da Saúde pagou nesse contrato da Covaxin, o governo Bolsonaro?

Emanuela: Nada.

O contrato de compra da Covaxin foi suspenso pelo Ministério da Saúde, após as denúncias de irregularidades virem à tona. Nenhuma dose foi entregue até agora e o governo não efetuou pagamento.

Mas desde fevereiro, R$ 1,6 bilhão estão empenhados - reservados para a Covaxin. Dinheiro que não pode ser usado, por exemplo, na compra de outras vacinas.

Senadores independentes e de oposição também questionaram o fato de o Ministério da Saúde ter fechado contrato com a Precisa, mesmo sabendo que a empresa é de propriedade da Global, que, em 2018, recebeu R$ 20 milhões para entregar medicamentos de alto custo, mas não cumpriu o contrato.

Emanuela Medrades disse que o caso da Global não foi discutido nas negociações pela vacina.

Mas foram os questionamentos sobre a data de envio da primeira fatura de importação que dominaram o depoimento. Randolfe Rodrigues apresentou outro vídeo em que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, e o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco contradizem a versão de Emanuela Medrades.

Randolfe: A senhora ouviu o coronel Élcio falando do dia 18. Na mesma coletiva, o secretário-geral da Presidência da República, o senhor Onyx, fala em dia 19. Qual foi a data?

Emanuela: O primeiro invoice foi enviado para o ministério no dia 22, conforme todas as provas que a gente já colocou aqui.

Randolfe: Então, veja...

Simone: Todo mundo está mentindo?

Emanuela: Eles se equivocaram provavelmente, mas...

Randolfe: Mentiram? Eles se equivocaram com o documento, doutora Emanuela?

Emanuela: Eu sei que eu enviei no dia 22. Se eles estão com desencontros...

Randolfe: Perfeito. Vamos tranquilamente aqui, doutora Emanuela, vejamos. A prova técnica que a senhora... Veja, o William se confundiu. Vamos lá! O Luis Ricardo se confundiu, o ministro Onyx se confundiu, e, também, o coronel Élcio Franco se confundiu. Vamos trabalhar, então, com esta hipótese de que todos se confundiram...

Aziz: É mais uma hipótese. O negócio não tinha nem pressa, que demoraram três dias para enviar, para você ter uma ideia. É só isso.

Randolfe: Todos esses se confundiram...

Simone: E Luis Miranda virou Nostradamus, não é? Sonhou com uma logomarca da Madison, com assinatura e carimbo, e falsificou a assinatura e o carimbo, que coincide com o invoice verdadeiro.

A CPI também havia marcado para ouvir nesta quarta-feira o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, mas adiou o depoimento para agosto.
CPI é prorrogada por mais 90 dias
Na noite desta quarta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, autorizou a prorrogação dos trabalhos da CPI por mais 90 dias. Com isso, a comissão tem até o início de novembro para aprovar o relatório final, se o Congresso entrar em recesso na próxima semana.

Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/07/14/diretora-da-precisa-se-contradiz-na-cpi-sobre-datas-do-envio-de-notas-fiscais-de-vacina-ao-ministerio-da-saude.ghtml
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