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04/02/2022 às 11h51min - Atualizada em 06/02/2022 às 00h01min

Indicadores Industriais mostram desaceleração no segundo semestre

Índices que apresentaram crescimento têm como base de comparação ano muito difícil para o setor devido à pandemia, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Agência Brasil - Economia
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-02/indicadores-industriais-mostram-desaceleracao-no-segundo-semestre


A indústria brasileira registrou crescimento nos índices de emprego, faturamento e utilização da capacidade instalada em 2021. A Confederação Nacional da Indústria, no entanto, destaca que o bom resultado tem, como base de comparação 2020, ano atípico e com “desempenho excessivamente fraco” em decorrência da pandemia.



“Apesar do avanço verificado na comparação anual, há desaceleração no ritmo de crescimento do emprego, tendência de queda do faturamento e da utilização da capacidade instalada no segundo semestre de 2021”, detalha a CNI por meio do levantamento Indicadores Industriais, divulgado hoje (4).



Os indicadores registram alta de 3,7% no faturamento da indústria de 2021, na comparação com 2020. Em dezembro, no entanto, esse indicador apresentou uma queda de 0,3% na série livre de efeitos sazonais. “Esse aumento se deve ao patamar elevado em que o faturamento começou o ano, uma vez que o indicador registrou quedas sucessivas ao longo dos meses”, explica a CNI.



De acordo com o levantamento, em dezembro de 2021, o faturamento estava 7,5% abaixo do registrado no mesmo mês de 2020. No acumulado de 2021, o faturamento foi 5% menor do que o de fevereiro de 2020, antes da chegada da pandemia de covid-19 ao país, detalha o estudo.



Ainda segundo os Indicadores Industriais, a massa salarial real e sobretudo o rendimento médio real, pressionados pela inflação, seguiram em queda na maior parte de 2021.



Os indicadores divulgados hoje fecham os dados obtidos ao longo de 2021. O levantamento revela que os pontos que contribuíram para o recuo no segundo semestre vão além dos efeitos da persistência da pandemia de covid-19, abrangendo também “o desarranjo das cadeias de suprimentos, que contribuem para que a recuperação não se complete e para que se mantenha o contexto de incerteza e altos custos na indústria de transformação”.



“O resultado faz o enceramento do ano de 2021. Na comparação, temos resultados positivos na comparação com 2020. Mas é preciso lembrar que 2020 foi um ano muito difícil para a indústria, que praticamente parou por dois meses durante aquele ano, por conta da pandemia. Então essa comparação é feita com uma base muito baixa”, resume o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo.



Capacidade instalada



A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) caiu 0,6 ponto percentual de novembro para dezembro de 2021. Tendo por base de comparação dezembro de 2020, o recuo registrado é de 0,7 ponto percentual.



A CNI lembra que, em junho de 2021, esse indicador chegou a atingir o patamar de 82,3%, “ponto mais alto desde 2014”. No entanto, acabou entrando em uma “tendência de queda no segundo semestre, encerrando o ano em 79,6% em dezembro”.



Massa salarial e rendimento médio



A massa salarial paga pelo setor industrial caiu 1,2% em dezembro, na comparação com novembro, na série dessazonalizada. No acumulado do ano, tendo por base a média registrada em 2020, o item registrou aumento de 0,7%.



“Esse aumento, no entanto, se deve à forte queda observada em 2020 e à alta que se concentrou na primeira metade de 2021. Em dezembro de 2021, a massa salarial se encontra 1,2% abaixo do índice de dezembro de 2020 e 4,8% abaixo do registrado em fevereiro de 2020”, explica a CNI.



O rendimento médio real do trabalhador manteve a “tendência de queda”, diz o levantamento, ao registrar diminuição de 1,4% de novembro para dezembro de 2021, na série livre de efeitos sazonais. Na comparação com a média registrada em 2020, a queda registrada é de 3,2%



“A queda no rendimento médio provocada pela pandemia de covid-19 em 2020 foi seguida de uma recuperação, verificada até setembro, mas que posteriormente foi corroída ao longo dos meses”, diz o levantamento ao observar que o nível observado em dezembro “é próximo – apenas 1,4% acima – do ponto mais crítico da pandemia, de maio de 2020”.



Na comparação de dezembro de 2021 com o mesmo mês de 2020, o recuo observado é de -4,7%.



Horas trabalhadas e emprego



Já o indicador referente a “horas trabalhadas na produção” apresentou alta de 3,3% em dezembro, acumulando avanço de 9,4% em relação a 2020.



O volume de horas trabalhadas caiu ao longo do primeiro semestre, mas voltou a registrar altas consistentes nos últimos três meses do ano. Dessa forma, a comparação entre dezembro de 2021 e o mesmo mês de 2020 indica alta de 1,4%.



“Vale notar que o patamar de dezembro é superior ao registrado antes da pandemia: na comparação com fevereiro de 2020, as horas trabalhadas na produção aumentam 4,3%”, acrescenta.



O emprego na indústria ficou estável no mês de dezembro, mas encerrou 2021 com avanço de 4,1% na comparação com o ano anterior. De acordo com a CNI, o crescimento ocorreu “essencialmente no primeiro semestre”.



O segundo semestre foi marcado pela estabilidade. Entre janeiro e junho, o índice relativo a emprego subiu 3,2%. Entre julho e dezembro, o avanço ficou em 0,5%. Tendo por base de comparação dezembro de 2020, o último mês de 2021apresentou crescimento de 3,6%.



Dezembro



“O resultado de dezembro foi negativo para muitas variáveis. Ele consolida o que a gente vinha percebendo nos últimos indicadores, de uma desaceleração da atividade industrial no segundo semestre. O ano tinha começado bem para a indústria, mas foi perdendo força. Isso se intensificou no segundo semestre, consolidando agora com esse resultado de dezembro, com aceleração da tendência de queda do faturamento e de utilização da capacidade instalada. O emprego que vinha crescendo na primeira metade do ano parou de crescer, consolidando então esse cenário”, conclui o gerente da CNI.




Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-02/indicadores-industriais-mostram-desaceleracao-no-segundo-semestre
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