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17/07/2021 às 22h45min - Atualizada em 18/07/2021 às 00h01min

Empresa que ofereceu CoronaVac ao governo pelo triplo do preço tem condenação por fraude em importação

Pazuello disse que em momento algum negociou a aquisição de vacinas com empresários; que foi até a sala em que eles estavam para cumprimentá-los depois de terem se reunido com uma equipe do ministério; e que, depois, soube que a proposta era inidônea.

G1 - Notícias
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/07/17/empresa-que-ofereceu-coronavac-ao-governo-pelo-triplo-do-preco-tem-condenacao-por-fraude-em-importacao.ghtml


Pazuello disse que em momento algum negociou a aquisição de vacinas com empresários; que foi até a sala em que eles estavam para cumprimentá-los depois de terem se reunido com uma equipe do ministério; e que, depois, soube que a proposta era inidônea. Empresa que ofereceu CoronaVac ao governo pelo triplo do preço tem condenação por fraude em importação
O dono da empresa que negociou com o Ministério da Saúde a vacina CoronaVac pelo triplo do preço cobrado pelo Instituto Butantan foi condenado na Justiça por emitir notas falsas para burlar fiscalização.
A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo e confirmada pela TV Globo. A empresa World Brands Distribuição tem sede em Itajaí, Santa Catarina, e está em nome de Jaime José Tomaselli.
Em maio de 2014, a Justiça Federal condenou Tomaselli por participar de fraudes em importação de produtos. Segundo a decisão do juiz Marcelo Micheloti, notas fiscais de importação de carrinhos de controle remoto, embalagens em cartela de papel com plástico e lâmpadas fluorescentes eram falsamente emitidas em nome de uma das empresas de Jaime, a Marfim.
A pena de um ano e seis meses de prisão foi convertida em multas e prestação de serviços comunitários. A condenação não impede que ele atue em comércio exterior.
Na sexta-feira (16), um vídeo publicado pela Folha de S.Paulo mostrou o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com representantes da World Brands em 11 de março deste ano.
“Nós estamos aqui reunidos no Ministério da Saúde recebendo uma comitiva que veio tratar da possibilidade de nós comprarmos 30 milhões de doses, numa compra direta com o governo chinês. E já abre também uma nova possibilidade de termos mais doses e mais laboratórios. Vamos tratar na semana que vem. Mas saímos daqui hoje já com memorando de entendimento assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato”, disse Pazuello no vídeo.
O vídeo de Pazuello, ao lado de empresários, contraria uma declaração dele na CPI da Covid no dia 19 de maio.
Renan Calheiros, relator da CPI: Por que vossa excelência não tomou o comando e o protagonismo dessa negociação com a Pfizer?
Pazuello: Pela simples razão que eu sou o dirigente máximo, eu sou o decisor, eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo. Não o ministro. Ministro jamais deve receber uma empresa, o senhor deveria saber disso.
A Folha de S.Paulo afirmou que a World Brands ofereceu 30 milhões de doses da vacina do laboratório chinês Sinovac por US$ 28 a dose.
A negociação com a World Brands ocorreu mesmo após o governo Bolsonaro fechar contrato com o Butantan no começo deste ano para comprar 100 milhões de doses da CoronaVac por praticamente um terço do valor, US$ 10 a dose.
Mesmo sem que a negociação com a World Brands tenha prosperado, a presença de Pazuello numa reunião com intermediários para comprar a CoronaVac causou muito estranheza.
Cinco meses antes, em 21 de outubro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou Pazuello publicamente quando mandou cancelar a negociação de compra da CoronaVac com o Instituto Butantan.
Ao Jornal Nacional, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que alertou Pazuello, Élcio Franco e técnicos do Ministério da Saúde de que o Butantan era o único da Sinovac no Brasil.
Agora, a cúpula da CPI vai reconvocar Pazuello para apurar o acesso rápido de empresas e organizações desconhecidas ao comando do Ministério da Saúde com promessas de vacinas, enquanto as negociações com multinacionais, como a Pfizer, se arrastaram por meses.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, da Rede, afirmou que o depoimento de Pazuello deve ser marcado para o fim de agosto ou início de setembro.
“No mínimo, falso testemunho à Comissão Parlamentar de Inquérito está claro a caracterização penal do ministro. Falso testemunho. Basta constatarmos o depoimento do ministro à Comissão Parlamentar de Inquérito e o fato do próprio vídeo que revela que ele fazia ao contrário do que falava na CPI. Mais grave que isso. Ele se negou a negociar, a sentar com a Pfizer durante sete meses e isso impediu o começo da vacinação dos brasileiros em dezembro. Isso condenou milhares de brasileiros à morte. E em março, quando exatamente por conta da omissão pela negociação com a Pfizer, nós estávamos com 3 mil mortos por dia, uma média de 3 mil mortos por dia, ele aparece negociando com uma empresa 171 intermediária de vacinas”, diz.
Na noite de sexta-feira (16), a Secretaria de Comunicação divulgou uma nota de esclarecimento em nome de Eduardo Pazuello.
Na nota, o ex-ministro afirma que em momento algum negociou aquisição de vacinas com empresários; que a reunião com os representantes da empresa World Brands ocorreu após um pedido formal da empresa endereçado ao Ministério da Saúde para que a Secretaria-Executiva do ministério fizesse uma pré-sondagem acerca da proposta; que foi até a sala unicamente para cumprimentar os representantes da empresa após o término da reunião. Ainda segundo a nota, "a assessoria de comunicação do Ministério da Saúde sugeriu que fosse realizada a gravação de um vídeo para a posterior publicização dos atos”.
Na nota, Pazuello afirma que "após a gravação foi informado que a proposta era inidônea". E que "determinou que não fosse elaborado o Memorando de Entendimentos".
O Jornal Nacional tentou contato com a World Brands distribuição e com os advogados de Jaime José Tomaselli, mas eles não atenderam.

Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/07/17/empresa-que-ofereceu-coronavac-ao-governo-pelo-triplo-do-preco-tem-condenacao-por-fraude-em-importacao.ghtml
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