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03/05/2022 às 17h48min - Atualizada em 04/05/2022 às 00h01min

Câncer de mama na gestação e lactação

Embora o câncer de mama associado à gravidez possua baixa incidência, é preciso estar atento aos sintomas para que o diagnóstico e o tratamento sejam seguros para a gestante e o bebê

SALA DA NOTÍCIA Unaccam

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A associação entre câncer de mama e gravidez é rara. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a incidência é de 1 a cada 3 mil gestantes, dependendo da população estudada. Mas, a doença durante a gestação possui particularidades importantes, tais como a limitação do uso de alguns exames ou tratamentos necessários. Porém, de modo geral, observa-se que o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama conseguem ser feitos adequadamente sem prejuízo para a gravidez.

De acordo com o mastologista Marcelo Antonini, membro do Conselho Científico da Unaccam - União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama, um dos fatores que contribui para o aumento da ocorrência da doença na gravidez é o adiamento na decisão de ter filhos. “Engravidar antes dos 35 anos é uma forma de redução do risco do câncer de mama, uma vez que o tecido mamário só completa o seu desenvolvimento na gestação. Assim, quanto mais tempo a mulher adiar a gravidez, maior será o risco de o tumor aparecer”, esclarece.

Mas a idade não é uma regra. Em 2012, com apenas 26 anos, Nátali de Araújo foi diagnosticada com câncer de mama. Após pouco mais de um ano de tratamento com quimioterapia, radioterapia e mastectomia da mama direita, Nátali foi surpreendida com uma gravidez. “Quando terminei a radioterapia e estava iniciando a hormonioterapia descobri que estava grávida. Eu ia fazer um exame que precisava tomar contraste e antes precisei fazer um exame de sangue, foi quando descobri a gravidez”, relembra.

Apesar do susto de uma gravidez não planejada e dos receios por conta da doença, Nátali optou por interromper o tratamento e seguir adiante com a gestação. “Foi um susto. Eu escutei muita besteira, pessoas dizendo que meu câncer ia voltar porque eu ia receber uma carga muito grande de hormônios. Foi, de fato, uma gestação de alto risco, mas no final deu tudo certo”, conta.  

Vitório nasceu em março de 2014 e acaba de completar 8 anos. “Meu filho nasceu prematuramente, mas saudável. Consegui amamentá-lo mesmo com apenas uma das mamas, intercalando com a mamadeira. Logo que parei de amamentar, fiz a mastectomia da outra mama”, explica. 

Para Nátali o apoio não só de familiares, mas de toda a sociedade, é fundamental para as pacientes durante todo o processo. “Eu conheci a Unaccam em um evento do Outubro Rosa, em 2013. Na época, a fundadora da instituição, Ermantina Ramos, a Tininha, me apoiou durante todo o tratamento e, como eu era a mais nova do grupo, ela acabou me acolhendo como filha. Fico emocionada ao lembrar dela, pois foi uma pessoa muito especial”, diz.

Diagnóstico do Câncer de mama na gestação

O diagnóstico de câncer de mama em mulheres grávidas é frequentemente tardio. Apenas um terço dos tumores é detectado durante a gestação. O restante é descoberto apenas no pós-parto, esclarece o mastologista Marcelo Antonini. 

“A detecção é difícil por causa do aumento do tamanho e da densidade mamária durante a gravidez. Esse aumento dificulta o diagnóstico por meio do exame físico ou da mamografia”, diz o médico. 

No entanto, apesar de a eficácia ser limitada, o autoexame das mamas é muito importante. De acordo com Antonini, ele é uma fonte de suspeita diagnóstica em mulheres gestantes jovens. Isso acontece porque muitas ainda não atingiram a idade para iniciar o rastreamento por mamografia.

Foi enquanto amamentava o filho de sete meses que Janaína Zorzetti observou, pela primeira vez, um nódulo na mama. “Como eu estava amamentando, minha mama estava muito túrgida, o que dificultou um diagnóstico mais preciso”. Na ocasião, em outubro de 2021, o nódulo estava com 1,8 cm. Dois meses depois, Janaína percebeu que ele teve um aumento significativo. Novos exames foram feitos e veio o diagnóstico do câncer de mama. “No dia 23 de dezembro fiz a primeira quimioterapia. Graças a Deus correu tudo muito bem, foi tudo muito rápido. A pior parte para mim foi parar de amamentar”, relembra.   

Janaína conta que receber o diagnóstico de câncer com um filho ainda pequeno não é fácil. “Quando você recebe a notícia que está com câncer, o seu chão cai. Era tudo desconhecido para mim, eu achava que a palavra câncer já era uma sentença de morte. O que eu pedia para Deus é que eu queria ver meu filho crescer”.

Segurança das mamografias durante a gravidez

Embora 80% das lesões mamárias encontradas na gestação sejam benignas, a ultrassonografia das mamas e a mamografia podem ser utilizadas com grande segurança para avaliar uma lesão suspeita.

“A mamografia pode diagnosticar a maioria dos cânceres de mama em uma mulher grávida, e geralmente é seguro fazer este exame durante a gravidez”, explica Antonini. A quantidade de radiação necessária para a realização do exame  é pequena e focada apenas nas mamas, de modo que a maioria não alcança outras partes do corpo. Já a ressonância magnética de mama geralmente não é utilizada, pois o contraste (gadolíneo) não é recomendado durante a gravidez, complementa o mastologista. 

Tratamento de câncer de mama na gestação

Ao contrário do que se pensa, quase todos os tratamentos estão liberados durante a gravidez. As exceções são a radioterapia, alguns quimioterápicos (metotrexato e 5-fluoracil) e as terapias anti-Her-2 (trastuzumabe e pertuzumabe).

A cirurgia do câncer de mama deve ser realizada da mesma forma. “Recomenda-se sempre que possível evitar cirurgia no primeiro trimestre de gravidez, quando o risco de aborto é maior” ressalta o especialista. A cirurgia conservadora necessita de complemento com a radioterapia, o que pode dificultar o uso desta técnica em situações de gravidez inicial e tumores que não necessitam de quimioterapia.

“Em qualquer etapa da vida o diagnóstico precoce é fundamental, e durante a gravidez o cuidado com as mamas não pode ser esquecido” reforça a presidente da Unaccam, Clarisia Ramos. Por isso, a recomendação é que qualquer alteração notada seja informada ao obstetra ou ao ginecologista. “É importante cuidar-se sempre e proteger quem você ama”, finaliza.

Evento debate o câncer na gravidez

No dia 4 de maio, a Unaccam promoverá um encontro online no Instagram da instituição para debater o câncer de mama e a gravidez. Durante o evento, o mastologista Marcelo Antonini irá falar sobre as principais dúvidas que cercam o tema. A ex-paciente de câncer de mama, Nátali de Araújo, também estará presente e irá compartilhar a sua experiência.   

Serviço:
“Câncer de mama e gravidez”
Data: 04/05 às 19h30
https://www.instagram.com/unaccam/


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