Após dois anos de pandemia, que ainda não encerrou, e que impactou milhares de famílias no Brasil e no mundo, muitas crianças, adolescentes e adultos retornaram ao ambiente escolar. Além das incertezas relacionadas aos protocolos de saúde em decorrência da Covid-19 e o medo da contaminação, somou-se a isso a própria condição socioeconômica dos alunos, professores e seus familiares. Não obstante, a necessidade de adaptação às aulas online e a eventual defasagem no desenvolvimento acadêmico por conta do período de ensino remoto, acrescentaram elementos que afetaram o equilíbrio emocional de muitas pessoas.
Um exemplo dos impactos na saúde mental é a pesquisa feita pela Secretaria de Educação de São Paulo em parceria com o Instituto Ayrton Senna em 2021, apontando que ao menos 69% dos alunos, entre os mais de 640 mil estudantes da rede pública estadual de ensino, manifestaram algum sintoma de depressão ou ansiedade. Entre os mais comuns, destacam-se a dificuldade de concentração, os problemas para dormir e a exaustão mental.
A violência no ambiente escolar e em casa também foi percebida na pesquisa, já que quase 10% dos entrevistados descreveram ter vivido ou testemunhado algum tipo de violência nesses locais.
Há que se considerar que muitos professores também registraram implicações na saúde mental. Pesquisa da Revista Nova Escola, em 2021, identificou que 72% dos mais de 9.500 docentes que participaram do estudo relataram repercussões na saúde mental, principalmente o burnout.
Os diversos atores envolvidos na educação (secretarias de educação, diretorias de ensino, mantenedoras, gestores, docentes, comunidade, familiares etc) precisam considerar as condições de saúde mental dos estudantes e professores, dando a isso o devido valor, afinal, não se trata de algo que pode ser postergado, uma vez que as consequências são abrangentes, resultando em dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, evasão escolar, absenteísmo dos profissionais e claro, sem esquecer da depressão, da ansiedade, do burnout entre outras doenças mentais.
Neste sentido, é necessário pensar em políticas públicas, investimento, estratégias, recursos diversos e necessários que promovam e garantam o acolhimento, o apoio emocional, a formação continuada e prática, além da presença de profissionais da saúde, como da psicologia, que em parceria com os diversos atores da educação, possam permitir que o ambiente escolar seja um espaço de promoção da educação em seus vários sentidos, e não mais um local que gere sofrimento e adoecimento mental. Investimento em educação e em saúde mental jamais será gasto, mas contribuição para uma sociedade mais justa e equânime.