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26/05/2022 às 20h05min - Atualizada em 27/05/2022 às 00h00min

Gravidez e nutrição: porque suplementar pode ser a melhor estratégia

*Por Lilian de Paiva Rodrigues Hsu

SALA DA NOTÍCIA Carla Espino
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Divulgação
Além de provocar um turbilhão de emoções, a gravidez gera uma série de alterações fisiológicas, bioquímicas e anatômicas na mulher. O organismo trabalha sem parar para desenvolver o embrião e todo esse esforço causa sono e cansaço. Por isso, a cada semana a saúde do bebê e o bem-estar da futura mamãe exigem mais e mais cuidados. Um ambiente gestacional favorável requer o estabelecimento de novos hábitos e rotinas, o que inclui maior preocupação com as necessidades nutricionais.

A demanda imposta pelos processos que envolvem o crescimento, desenvolvimento e rápida replicação celular das células fetais, placentárias e maternas implica na adoção de uma dieta equilibrada, composta por macro (carboidratos, proteínas e lipídeos) e micronutrientes (vitaminas e minerais), sendo que alguns deles merecem atenção especial, como o ferro, mineral de extrema importância para o desenvolvimento do feto.

O aumento na absorção de ferro, principalmente do aparelho digestivo, ocorre devido à formação de glóbulos vermelhos da gestante, do bebê e da placenta. As necessidades diárias de ferro crescem ainda mais a partir da segunda metade de gestação, chegando, em média, a 7,5 mg/dia nas últimas 10 semanas da gravidez. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 41,8% das grávidas em todo o mundo sejam anêmicas, sendo que pelo menos metade dos casos é resultante da deficiência de ferro.

A anemia pode ser fruto de alterações na produção das hemácias, da destruição precoce dessas células, da perda de sangue ou de um mix de fatores. Dentre as anemias relacionadas aos problemas de produção, podemos citar as anemias nutricionais, sobretudo as causadas por deficiência de ferro (anemia ferropriva) e falta de vitamina B12 e/ou ácido fólico (anemia megalobástica).

As intervenções para evitar a anemia ferropriva na gestação incluem a suplementação diária oral do mineral. Tal medida faz parte do protocolo da assistência ao pré-natal e visa a reduzir o risco de baixo peso ao nascimento, a anemia materna e as consequências futuras, como doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e alergias alimentares. A OMS recomenda que as gestantes recebam de 30 a 60 mg/dia de ferro elementar e que a suplementação continue até seis semanas após o parto para reabastecer os estoques de ferro do organismo.

A absorção e fixação do ferro dependem também de nutrientes como o ácido fólico, folato, vitaminas do complexo B, além de cobre e magnésio. O folato faz parte do grupo de vitaminas essenciais e é encontrado em folhas verdes, legumes, gema de ovo, fígado, leite e frutas cítricas. Já a vitamina B12 – presente em carnes peixes, ovos e leite – desempenha papel importante na formação das hemácias e no equilíbrio do sistema nervoso. A deficiência de tais nutrientes é capaz de acarretar uma síntese inadequada do DNA, prejudicando o processo de multiplicação das células, a divisão celular.

O período gestacional também é considerado como de maior risco para a deficiência do ômega 3, ácido graxo mais importante para o desenvolvimento neonatal. O seu consumo diário pode favorecer o fortalecimento cerebral e visual do bebê, além de prevenir o parto prematuro, a eclâmpsia e a depressão pós-parto. Isso porque o ômega 3 desempenha diversas funções, como transporte de oxigênio, armazenamento de energia, regulação da pressão arterial e da resposta inflamatória e alérgica do organismo, além de atuar no processo de coagulação.

Vale destacar, ainda, que alguns alimentos são facilitadores da absorção do ferro – como os sucos de laranja e de limão, o morango, os brócolis e a pimenta – e outros são considerados vilões por prejudicar esse processo, como a soja, o chocolate, a ingestão de café e chás, e o uso de antiácidos.

Uma revisão sistemática sobre a nutrição durante a gravidez, a qual abordou 20 estudos com mais de 141 mil mulheres, mostrou o impacto positivo da suplementação de múltiplos micronutrientes associados ao ferro e ao ácido fólico em vários desfechos do nascimento. O levantamento constatou a redução de bebês com baixo peso e pequenos para a idade gestacional, além da provável diminuição de partos prematuros.

Prever e corrigir situações de maior risco por deficiências nutricionais, lançando mão de suplementos alimentares, pode significar importantes benefícios para a saúde materna e do bebê. A gestação provoca alterações metabólicas que aumentam as necessidades nutricionais diárias. Encarar esse enorme desafio contando exclusivamente com a alimentação pode ser uma estratégia de alto risco.

* Lilian de Paiva Rodrigues Hsu é professora adjunta da Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo e Chefe do setor de Gestação de Alto Risco do Departamento
 


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