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09/06/2022 às 15h28min - Atualizada em 10/06/2022 às 00h01min

Economia melhorou, mas cenário ainda é desafiador, diz José Maurício Caldeira

Vários indicadores econômicos estão positivos, mas incerteza deverá dar o tom do segundo semestre

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Foto: Divulgação

Nas últimas semanas, foram divulgados vários dados econômicos positivos. A começar pelo Produto Interno Bruto (PIB), que mede o estado geral da economia do país. No primeiro trimestre do ano, o indicador aumentou 1% em comparação com o trimestre anterior, puxado sobretudo pelo setor de serviços que tem maior peso econômico e cresceu na esteira da abertura das atividades. “Os três primeiros meses do ano foram fortes, o arrefecimento da pandemia deu dinamismo à economia”, diz José Maurício Caldeira, sócio-diretor da Asperbras.

Ao lado do PIB, outros números ilustram esta situação. O desemprego recuou para 10,5% no trimestre encerrado em abril, surpreendendo positivamente o mercado que esperava uma taxa de 10,9%. É a menor marca para o período desde 2015 (8,1%), quando a economia amargava recessão, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O volume de vendas no comércio cresceu em maio pelo terceiro mês consecutivo, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O resultado, considerado inesperado pela CNC, tem relação com a recuperação do fluxo de consumidores nas lojas físicas em função da redução dos casos de Covid-19 e da abertura econômica. Os comerciantes estão otimistas com os próximos meses, apesar da inflação e dos juros altos.

Em maio, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) chegou aos 120 pontos, maior patamar desde dezembro de 2021. A confiança dos pequenos comerciantes foi o destaque positivo do mês. As empresas de pequeno porte registraram aumento de 32% no otimismo no mês, comparado ao mesmo período de 2021. Entre os grandes varejistas houve avanço de 10,2% no período.

Mesmo a indústria, que enfrenta uma crise de falta de componentes eletrônicos e da quebra das cadeias de suprimentos, também tem tido bons indicadores. A Indústria de Transformação cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com os últimos três meses do ano passado.

Por isso, os industriais seguem confiantes. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) apurado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) alcançou 56,5 pontos em maio, leve recuo de 0,3 pontos em relação a abril. Índices acima de 50 pontos significam otimismo.

A Indústria da Construção, em particular, está otimista. Os empresários do setor seguem com expectativas positivas para todas as variáveis analisadas. As médias do índice do nível de atividade e do número de empregados no primeiro quadrimestre de 2022 são as maiores para o período em dez anos.

“Temos muitos dados positivos, a economia melhorou, mas o cenário à frente ainda é desafiador”, diz José Maurício Caldeira. Para o mercado, nos próximos meses, o PIB dificilmente repetirá o desempenho positivo do primeiro trimestre do ano. Vale ressaltar que a inflação segue acima de dois dígitos – atingiu 12,1% nos doze meses terminados em abril – e está muito espalhada na economia. Inflação elevada corrói o poder de compra dos consumidores, especialmente dos mais pobres.

Este, aliás, é um problema mundial. Há décadas os países desenvolvidos não conviviam com taxas tão elevadas. Nos doze meses encerrados em abril, a inflação chegou a 9% no Reino Unido, a 8,3% nos Estados Unidos e a 8,1% na União Europeia.

Por conta da inflação alta, os bancos centrais deverão subir juros, o que já está acontecendo no Brasil desde o ano passado. Selic elevada é como um freio de mão puxado na economia: segura o crescimento e aumenta o endividamento das pessoas e empresas.

Diante deste quadro, a volatilidade deverá dar o tom dos próximos meses. O dólar caiu por conta dos juros altos que atraem capital estrangeiro, mas a guerra na Ucrânia segue sendo um fator de grande incerteza até para o abastecimento mundial de alimentos e energia. No front interno, a incerteza ficará por conta das eleições que, tradicionalmente, movimentam os mercados no segundo semestre.


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