No mês de junho, o dia 24 é marcado como Dia Mundial de Prevenção de Quedas em Idosos, data que foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e incluída no Calendário da Saúde do Ministério da Saúde para alertar sobre riscos dessa situação nesse público. Fraturas decorrentes de quedas são uma das maiores causas de morte na terceira idade: 70% dos óbitos por acidente após os 75 anos estão ligados a tombos.
Segundo o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, estima-se que há uma queda para um em cada três pessoas com mais de 65 anos e que um em vinte daqueles que tiveram uma queda sofram uma fratura ou necessitem de internação. Dentre os mais idosos, com 80 anos ou mais, 40% cai a cada ano. Já dos que moram em asilos e casas de repouso, a frequência de quedas é de 50%.
Com o avançar da idade, alguns fatores estão associados à maior incidência de quedas nessa fase da vida. Um deles é a perda da massa muscular do corpo, situação natural durante o processo de envelhecimento, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (TRAUMA), Dr. Vincenzo Giordano Neto. “Essa perda inicia a partir dos 50 anos e resulta em um decréscimo anual de 1% a 2% da massa, e de 1,5% da força”, fala. “Há, também, redução da densidade mineral óssea, que é a quantidade de ossos que o corpo humano tem. Fisiologicamente, essa perda também é natural ao envelhecer, o que leva à osteoporose. A doença é um dos principais fatores de risco da fratura no quadril e na coluna vertebral, relativamente comuns e graves em pessoas idosas, com alto risco de mortalidade”, acrescenta.
O médico lembra que algumas intervenções podem reduzir o risco de uma lesão grave pós-queda, prevenindo a osteoporose. “Suplementos orais de vitamina D e cálcio para mulheres saudáveis na pós-menopausa, podem reduzir o risco de fraturas naquelas que caem”.
O especialista relata que quando as fraturas de quadril ou na coluna vertebral não levam ao óbito, podem ocasionar o rebaixamento do grau funcional ou outras complicações, como novas fraturas. “Quem sofreu o problema precisa focar no tratamento da osteoporose, uma vez que o risco de fraturar outra área, outra região da coluna vertebral ou o outro quadril é até 2,5 vezes maior após a primeira fratura. Em função disso, práticas como a musculação são aliadas para quem já teve uma fratura e, principalmente, para quem não teve”, salienta.
O presidente do TRAUMA ressalta que, além dos problemas médicos, as quedas apresentam custo social, econômico e psicológicos, aumentando a dependência e a institucionalização. “O aumento da expectativa de vida e da consequente proporção de idosos na população brasileira reforça a preocupação a respeito de eventos incapacitantes nessa faixa etária”, pontua.
Prevenção
Estatísticas indicam que 70% das quedas de idosos ocorrem dentro de casa. O presidente do TRAUMA lista alguns cuidados que se deve ter no ambiente doméstico. “É preciso atentar-se aos móveis, pois a disposição inadequada atrapalha a locomoção e, quando instáveis, não servem como apoio. Também é importante eliminar udo aquilo que possa ser obstáculo ou provocar escorregões dentro de casa, como fios, tapetes e outros objetos”, destaca.
Outra recomendação é instalar suportes, corrimãos e outros acessórios de segurança no banheiro, na sala, nos corredores e no quarto, além de iluminação ao longo do caminho da casa, principalmente para chegar até o banheiro.
Sapatos com sola antiderrapante, substituindo os chinelos deformados ou frouxos, é outra medida preventiva.
Acompanhamento médico
Muitas vezes, o idoso faz uso simultâneo de diversos medicamentos, cujos efeitos colaterais podem causar tontura ou queda de pressão, aumentando o risco de queda. Diante disso, o presidente do TRAUMA lembra a importância do cuidado clínico adequado. “Essa pessoa precisa ter um acompanhamento rotineiro com seus médicos, para evitar que o tratamento de outras doenças levem a uma fragilidade maior”.
O especialista completa que também é recomendado fazer exames oftalmológicos e físicos anualmente, para detectar qualquer problema que possa interferir na mobilidade, além de participar de programas de atividade física que colaborem para o desenvolvimento de agilidade, força, equilíbrio e coordenação. “A prevenção à queda, especialmente em idosos, é uma questão extremamente importante para a saúde pública”, conclui.