Na sequência do Outubro Rosa, chegamos agora ao mês em que é realizada a campanha Novembro Azul. O movimento teve início em 2003, na Austrália, com o objetivo de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina. Considerado uma doença da terceira idade, por acometer homens acima dos 55 anos, este câncer ocorre no órgão localizado na pelve, em frente ao reto, responsável pela produção de parte do sêmen.
Para 2022, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) são estimados cerca de 65.840 novos casos de câncer de próstata, sendo o primeiro tumor sólido mais prevalente em homens, representando 30% dos casos de câncer nessa população. Mesmo com a disponibilidade do rastreamento por meio de exames de laboratório e exame clínico, contabilizamos, anualmente, cerca de 16 mil óbitos por câncer de próstata, número só ultrapassado pelo câncer de pulmão. No mundo, segundo a Globocan 2020, são diagnosticados 1,4 milhão de novos casos anualmente e registradas 375 mil mortes.
O câncer de próstata tem comportamento variável, desde indolente até agressivos. O médico patologista é o especialista que faz a análise do material colhido na biópsia e que faz o diagnóstico se há realmente câncer e quais suas características. Essa determinação é fundamental, pois a partir dela será definido o tratamento. Os tumores considerados bem diferenciados e pequenos podem ser muito indolentes e não afetarão a duração ou a qualidade de vida do homem, desse modo podem ser apenas observados. Enquanto outros tumores classificados como agressivos necessitam de tratamento curativo imediato que são a cirurgia e a radioterapia.
De modo interessante também existem os fatores de risco de desenvolvimento do câncer de próstata, sendo o mais importante a herança de genes de predisposição. Do mesmo modo que o câncer de mama, o câncer de próstata está relacionado a herança genética. Esses pacientes devem se submeter a rastreamento a partir dos 40 anos, pois podem desenvolver tumores altamente agressivos. Homens com histórico de câncer na família, não só de próstata devem estar atentos. “Famílias com mulheres afetadas por câncer de mama e ovário, e câncer de mama em homens podem carregar um gene não funcional que predispõe ao desenvolvimento do câncer de próstata”, explica a médica uropatologista Kátia Ramos Moreira Leite, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP)”.
A recomendação é que os homens sem história familiar de câncer de próstata realizem exames preventivos a partir dos 55 anos, de modo bienal. Os homens negros ou com histórico familiar de câncer de próstata, câncer de mama em homens e mulheres, câncer de ovário, câncer de pâncreas devem começar aos 40 anos. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente. Após os 70 anos, idade próxima à média de expectativa de vida no Brasil, a recomendação é interromper o rastreamento. No entanto, esse poderá ser realizado para aqueles indivíduos com expectativa de vida acima de 10 anos.