08/12/2022 às 12h34min - Atualizada em 12/12/2022 às 00h02min
Saúde mental exige mais atenção
*Por Alexandre Nicolau Luccas
SALA DA NOTÍCIA Centro Universitário Paulistano - UniPaulistana
https://www.unipaulistana.edu.br/
Freepik Quando surgiram os primeiros levantamentos que mostravam o impacto da Covid-19 na saúde mental em todo o mundo, o diretor geral da OMS, Thedros Adhanom, chamou a atenção para o fato de que aquilo era apenas a ponta de um iceberg e, naquele momento, ele observou que era um alerta para que todos os países prestassem mais atenção à saúde mental e que se empenhassem para fazer um trabalho melhor no apoio à saúde mental de suas populações. Na oportunidade a expressão ponta de iceberg podia parecer uma observação alarmante e exagerada, mas o resultado de mais de dois anos de pandemia revelou um quadro preocupante para os dirigentes mundiais, para a área da saúde e em especial para os profissionais de saúde mental. Indiscutível a elevação sem precedentes do nível de estresse em várias faixas da população decorrente dos problemas de saúde, de isolamento, do fechamento de empresas e o consequente desemprego, que interferiu na questão econômica de milhões de famílias em todo o país. Chamar a atenção das autoridades para saúde mental não é uma recomendação que deva ficar restrita às situações do início da pandemia. É preciso reforçar o alerta para a realidade dos dias atuais. O país teve que reforçar o atendimento através da rede oficial e de hospitais de campanha para atendimento à Covid e isso provocou o represamento e o atraso de milhões de atendimentos e cirurgias, emergentes ou eletivas, em todo o sistema de saúde e não foi diferente com a saúde mental. Passado o período mais crítico da pandemia, percebe-se que a constatação da OMS não era alarmante ou exagerada. O que se constata no trabalho de psicólogos é o agravamento de casos na saúde mental provocados por stress, solidão, luto, desavenças familiares, violência doméstica, preocupações financeiras, que elevam a margem de ansiedade e depressão. Cuidar da saúde mental vai além da recomendação da OMS, e parte disso vem sendo feito pela sociedade com iniciativas como os temas de campanha como o setembro amarelo, que trata de suicídio, o outubro rosa, para a saúde da mulher e o janeiro branco, pouco divulgado que busca chamar a atenção para questões relacionadas à saúde mental e emocional na vida das pessoas. A área de saúde mental como política pública vem avançando desde os anos 80 quando se registra a formulação da “Lei da Reforma Psiquiátrica”, a criação dos Centros de Atenção Psicossocial e desativação de manicômios, entre outras iniciativas, o que mostra que a recomendação da OMS merece mais atenção do Governo e da sociedade. *Alexandre Nicolau Luccas é Mestre em Psicologia Social e coordenador do Curso de Psicologia da UniPaulistana