Gabriel Maia O período mais iluminado do ano já chegou. As cidades vive o clima natalino, hum... cheirinho de panetone no ar e também de quilinhos a mais. O sentar-se ao redor da mesa na ceia do natal já é tradição, não pode deixar de ter o peru, o chester, as castanhas, o arroz com passas, os gratinados, a rabanada, tudo muito delicioso; no réveillon temos o bacalhau, o pernil suíno e os espumantes. Mas, depois de uma noite de glutonaria, vem o peso na consciência, na balança e na barriga: é o empachamento estomacal pós festas.
Mas, é possível se divertir, curtir com a família e amigos a época mais harmoniosa do ano tendo o equilíbrio necessário para não ter problemas de saúde. O excesso de comida ou a junção de várias comidas podem levar a problemas estomacais, intestinais, diarreia e enxaqueca.
“A maionese, por exemplo, quando em estado de má conservação, por causa da bactéria salmonella, pode levar a uma infecção generalizada no indivíduo”, afirma a nutricionista Bárbara Carvalho. Os principais sintomas da salmonelose são dores abdominais, diarreia, calafrios, febre, náuseas, vômitos e mal-estar de 12 a 72 horas após a ingestão do alimento contaminado. Embutidos e enlatados devem ser consumidos com moderação, principalmente por causa do excesso de sódio.
É possível uma noite feliz com alimentação equilibrada - Foto: Canva Álcool - O excesso de álcool pode baixar a glicose no sangue e ter a hipoglicemia, podendo levar a pessoa ao desmaio. O fígado é o órgão humano mais afetado pelo álcool.
“O reunir-se à mesa no natal e final de ano tem que ser algo prazeroso e que não deixe a pessoa no outro dia com problemas de saúde. O velho ditado somos o que comemos e também bebemos refletem bem as festas de confraternização”, relata o
médico Rafael Coelho.
Carnes - As comidas típicas da época podem ser consumidas com moderação e têm nutrientes essenciais ao corpo humano. O peru é uma carne branca saudável, com alto índice de proteína, além de fibras e pode ser consumida por pessoas que estão com colesterol alto. O chester é um frango geneticamente modificado na Escócia, sendo uma espécie com 70% formado por coxas e peitos, ao contrário do frango comum: 45%. O pernil e o tender, que são carnes nobres do porco, também são recomendados, além do bacalhau, só tendo o cuidado de tirar o sal do peixe deixando o mesmo mergulhado em água por, no mínimo, 24 horas na geladeira e trocando a água duas vezes: é o processo de dessalga.
Castanhas e Passas - As oleaginosas (castanhas e nozes) são tradicionais da época e ricas em gorduras boas que fazem bem ao coração. Pelo alto índice de energia, devem ser consumidas com moderação.
“A castanha-do-Pará é muito saudável, tem selênio, que é um ativador da glândula tireoide”, relata Bárbara Carvalho. As uvas-passas, também tão tradicionais no arroz, melhoram o fluxo digestivo, prevenindo infecções, diminui a acidez no corpo por causa do potássio e magnésio.
Hidratação e Sucos – manter-se hidratado é fundamental para deixar os rins funcionando adequadamente. Como a época é bastante quente se requer um cuidado redobrado. Água, pelo menos dois litros por dia, água de coco e sucos são fontes de hidratação. O soro caseiro, em caso de desidratação, é bastante aconselhado. Os sucos de abacaxi, uva, morango e laranja são os mais indicados para melhorar a digestão.
Preparação e Armazenamento - O preparo do alimento é muito importante para conservar os nutrientes. De preferência consumir legumes e verduras in natura. Carnes deverão ser cozidas, preferindo os assados e grelhados em relação aos fritados. Ter cautela com os gratinados.
“São dicas pontuais, mas, essenciais para poder viver muito bem esse momento em família. Engordar, aumentar o colesterol, adquirir gordura no fígado (esteatose), são processos contínuos. Em uma noite a pessoa não vai adquirir essas mazelas. Equilíbrio e prudência são importantes. Se passou dos limites é voltar ao foco no outro dia”, relata Rafael Coelho, que também informa a importância de manter atividade física durante esse período de festas. O popular RO (Resto de Ontem), que é guardar o que restou da comida para o outro dia, tem que ser realizado com prudência. O alimento refrigerado deverá sair da temperatura ambiente o mais rápido possível. Os alimentos quentes e que não foram levados ainda à refrigeração deverão ser colocados para congelar ou resfriar assim que terminar o banquete.
Batata inglesa, arroz, queijo do reino, apresuntados, maionese, refrigerantes são ricos em calorias, portanto, devem ser consumidos moderadamente. Preferir alimentos com baixo teor de sódio e gorduras saturadas. As ervas e especiarias como manjericão, orégano, noz-moscada, açafrão podem substituir o sal em algumas receitas.
“Para temperar saladas a mistura com azeite e limão é uma boa pedida”, conclui a nutricionista Bárbara Carvalho. A rabanada está liberada em duas porções na noite de Natal e uma fatia pequena de cerca de 80g do panetone de frutas.