Segundo a psiquiatra Dra. Maria Fernanda Caliani, é muito curioso que toda virada do ano muitos rituais se repetem. Primeiramente, usamos aquela cor na roupa (rosa amor, verde fartura). Fazemos aquela listinha com diversas metas com a promessa que no ano novo vamos mudar tudo aquilo que pretendemos e não conseguimos no passado.
“Mas você sabia que algumas pesquisas apontam que menos de 8% das pessoas, conseguem, efetivamente, realizar aquilo que se comprometeram na virada”, questiona o neurologista Dr. Saulo Nader.
Sim, não é novidade que dezembro é um mês no qual, geralmente, nos permitimos refletir sobre o ano que tivemos e, também, sobre nossas expectativas para o seguinte. E é bem comum que, nessas reflexões, avaliemos negativamente nossa participação ao longo do ano, excluindo muitas vezes várias situações que vivemos. Temos uma tendência a descartar o positivo e a contabilizar apenas as partes negativas de nossa experiência.
Nader reflete que esse comportamento não acontece só no final do ano: quem nunca recebeu elogios no trabalho, mas ficou pensando apenas nos dois comentários negativos na ocasião?
Para a psiquiatra Dra. Maria Fernanda e para o neurologista Dr. Saulo Nader não podemos deixar de mencionar o velho paradoxo de que "as pessoas desejam mudar sua vida, mas dificilmente se propõem a se auto modificar", o que torna praticamente impossível qualquer alteração mais significativa.
Primeiramente, avalie suas novas metas:
1- Meta ideal ou real: avalie as variáveis e possibilidades. Eu posso escolher como objetivo passar em determinado concurso, mas para isso não vai adiantar apenas focar na mudança de comportamento de estudar mais, precisarei avaliar a interação entre meu comportamento e o ambiente. Será que a minha casa é de fato o lugar mais silencioso para eu estudar? Eu terei de focar em qual cursinho, ler dicas de estudos e de memorização, precisarei de uma vida equilibrada para ajudar na fixação do conhecimento?
2- Promessas impossíveis: para muitas pessoas a vontade de mudar é tão grande que as promessas pessoais são tão radicais que se tornam surreais de serem executadas. Elas desejam muito em pouco tempo.
3- Autosabotagem: as pessoas olham pra sua vida como em um espelho retrovisor e, através desse reflexo, elas vêm quem foram lá atrás, como se fosse uma marca registrada de que tem que ser aquilo pelo resto da minha vida.
“Você pode sim olhar para a sua frente, usar o espelho retrovisor para saber o que deu certo e o que não deu e seguir caminhando. Lembre-se: hoje estou assim, mas não sou assim. Ser e estar são coisas diferentes”, enfatiza a médica.
Após essa análise, os dois especialistas separam algumas dicas para você atingir suas metas de virada do ano. Confira:
“O estresse de final de ano, das lembranças de perdas e fracassos, dos problemas financeiros, da disparidade entre o real e o visto na televisão, a reunião de fim de ano pode ser nostálgica para uns, maravilhosa para outros, mas um sofrimento para um terceiro grupo. Os filmes de Natal, que mostram apenas as famílias de comercial de margarina, todas contentes e unidas. Mesmo assim, não se deixem tomar pelo arrependimento causado por essa visão mais negativa, e se permitam ser influenciados por aquele sentimento de novidade do novo ano que se inicia, estabelecemos novas metas que envolvem mudanças comportamentais que consideramos necessárias para sermos mais felizes”, finaliza Dra. Maria Fernanda.
E para concluir as dicas preciosas, Dr. Saulo reflete que independente da pessoa ser mais resoluta e determinada ou não, ainda assim sentiremos a força gravitacional dos velhos hábitos, sempre nos puxando para trás, aquela velha forma de olhar através do retrovisor. “É difícil deixar nossa zona de conforto e finalmente podermos mudar. E por isso precisamos sempre nos lembrar que tudo bem encontrar dificuldades e desanimar algumas vezes para conseguir a mudança”.
E aí? Que tal, agora, planejar suas metas para o próximo ano?