Por que Não Desgrudamos do Celular?
Ultimamente o celular tem se tornado o centro das atenções. Não apenas por causa das ligações e mensagens que recebemos, mas por causa do controle que acreditamos precisar ter com relação às redes sociais.
Nos anos 50 do século XX, o psicólogo Colin Cherry, já insistia que a relevância é que chama atenção e assim se torna prioridade.
Por exemplo: você pode estar em um lugar com muita movimentação e barulho e mesmo assim conseguir ouvir o seu nome. Isso acontece porque mesmo que o sistema de processamento do cérebro receba a informação enfraquecida, no nível inconsciente, certas particularidades, como nosso nome, pode capturar nossa atenção.
Segundo Sarah Tomley “durante o processamento de dados, nossa atenção – em um dado momento – realça determinada informação (a “vencedora”) e inibe as demais (as “perdedoras”) (TOMLEY, 2020, p. 55)”. Por isso que se estivermos em um shopping procurando um amigo que esteja usando uma calça verde, todas as outras cores serão ignoradas.
E onde o celular entra nesta história?
Querendo ou não, o celular reúne muitos elementos interessantes em um só lugar. Nele, temos a diversão viciante que secreta substância químicas no cérebro. Também tem o estímulo exógeno (externo) que nos avisa quando chega uma mensagem ou uma foto.
Tais estímulos vêm acompanhados de outro chamado endógeno (interno), ou seja, rapidamente começamos a pensar: de quem é esta mensagem ou foto? O que a pessoa quer dizer? Alguém curtiu alguma postagem minha?
Recebendo-os, você ativa no seu cérebro uma parte chamada novidade e você ganha uma recompensa em forma de opioides, que trazem uma recompensa instantânea responsável também por dificultar a concentração.
Isso acontece porque você fica tentado a responder o que lhe foi enviado. Respondendo você recebe uma dose de dopamina – hormônio que nos traz alegria, bem-estar e otimismo – que é a principal substância da recompensa, por ter cumprido a tarefa e, se sente socialmente conectado a outras pessoas. Por causa desta sensação, não é novidade dizer que esta ação se torna um círculo vicioso. Algo também perigoso.
Em 2016, o governo de Nova Gales do Sul, na Austrália, anunciou que instalaria sinais de trânsito no chão, porque o uso dos celulares estava tão viciante e dispersante que, mesmo em ruas movimentadas, com zunidos de carros e buzinas de caminhões, além das enormes placas na calçada, não estavam sendo capazes de capturar a atenção dos pedestres grudados no aparelho.