Boa tarde!
Tudo bem?
Para o mês de janeiro estamos com uma pauta sobre insônia, seus efeitos e como a ansiedade e depressão podem afetar o seu sono.
Temos porta-vozes à disposição para entrevistas:
Segue o texto:
Seis em cada dez mulheres na menopausa sofrem com a doença, que atinge cerca de 73 milhões de brasileiros. Depressão e outras doenças psíquicas também podem afetar a qualidade de sono
Para muitos brasileiros, dormir as indicadas oito horas é uma missão impossível. Seja por conta dos estresses do dia a dia, dos maus hábitos antes de dormir ou do uso excessivo de medicamentos. A Associação Brasileira do Sono (ABS), em 2021, apontou que 73 milhões de brasileiros sofrem com insônia, doença que além de prejudicar a noite de sono, traz consequências para o cotidiano.
“A insônia é uma doença classicamente associada com sintomas noturnos, apesar disso, seus sintomas se estendem além da noite e repercutem durante todo o dia. Uma noite ruim de sono pode trazer impactos significativos na vida da pessoa, por exemplo, dificuldade na atenção, maior propensão a erros, instabilidade do humor, fadiga e sonolência excessiva diurna”, afirma a Dra. Caroline Pegoretti, neurologista, especialista em sono do Hospital Santa Catarina – Paulista.
A insônia pode ser classificada como aguda ou crônica, a depender da duração dos sintomas. Quando a insônia permanece além de três meses, chamamos de crônica que, na grande maioria dos casos, vem acompanhada de outras causas como estresse, depressão, ansiedade, uso de medicamentos de forma incorreta e, sobretudo, maus hábitos do sono.
“Após todo diagnóstico de insônia crônico é preciso fazer uma avaliação médica detalhada para rastreio de outras doenças que podem estar contribuindo para o quadro, porque o sucesso do tratamento da insônia vai depender do tratamento de todos os possíveis contribuintes. Isso vale tanto para doenças clínicas, quanto psiquiátricas. Por exemplo, um paciente com insuficiência cardíaca, que não esteja compensado, precisará de tratamento específico do quadro cardíaco para conseguir dormir melhor, além da atenção de sua queixa de sono. O mesmo vale para ansiedade ou depressão", explica a neurologista.
Na menopausa, por exemplo, há a diminuição do estrogênio, hormônio relacionado ao controle da ovulação e do desenvolvimento de características femininas. Os principais sintomas são as ondas de calor, irritação e oscilações no humor, que somados ao aumento de peso, podem acarretar uma piora no sono da paciente. Em 2021, o Instituto do Sono, mostrou que seis a cada dez mulheres com menopausa acabam sofrendo com insônia.
Atualmente, o uso de celulares e outras telas como tablets e TV, também são alguns dos responsáveis pela dificuldade em dormir. Isto ocorre tanto por conta da luz emitida desses aparelhos, que dificulta a produção da melatonina - hormônio fundamental para o sono - e da interatividade, que não deixa o corpo descansar.
“O uso de dispositivos eletrônicos no período noturno faz com que nossos olhos captem mais luz, nos levando a crer que deveríamos ficar acordados, tal como ocorre durante o dia. No caso das mídias sociais, nós também temos um fator que é a distribuição massiva de conteúdo. Se, próximo ao horário de dormir, as pessoas buscam por vídeos ou distrações que prendem a sua atenção, fica mais difícil de relaxar e, aos poucos, deixar o corpo entrar no seu período de repouso. O hábito de mexer no celular antes de dormir é extremamente prejudicial e pode contribuir para o aumento de insônia no futuro, especialmente em jovens”, completa a médica.
Ansiedade é um dos principais fatores pela piora da qualidade do nosso sono
Um dos fatores que podem prejudicar nosso sono e nos levar ao desenvolvimento de uma insônia é a ansiedade, que afeta, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 18 milhões de brasileiros, incluindo muitos jovens, faixa etária que costuma não sofrer com a insônia.
“A mente de uma pessoa ansiosa não para. Está sempre pensando em tarefas futuras, o que precisa ser feito, e isso é algo muito ruim, pois criam-se gatilhos que podem levar a quadros de depressão, ansiedade, insônia e um comprometimento psicológico e físico muito grande”, explica Giovana Lenzi, psicóloga do Hospital Santa Catarina - Paulista.
A insônIa e a ansiedade geralmente andam juntas. É o que mostra um estudo do Vigilantes do Sono, programa digital de terapia cognitiva-comportamental para insônia no Brasil. A pesquisa de 2022 entrevistou 42 mil brasileiros e mostrou que 52,9% dos entrevistados estão insatisfeitos com o sono e 47,5% dos participantes disseram sofrer com sintomas de ansiedade.
“Não só a ansiedade pode afetar a qualidade do sono. Outros fatores psicológicos como a depressão podem estar ligados ao desenvolvimento da insônia. O que nós observamos é que ainda há um preconceito em relação às doenças psíquicas e suas ramificações para a saúde da pessoa. A ida ao psicólogo ou psiquiatra pode ser fundamental para identificação do problema que está afetando seu sono, seu trabalho e sua vida social”, complementa a psicóloga.
Principais tratamentos
A insônia crônica tem inúmeras possibilidades de tratamentos medicamentosos e não-medicamentosos. Em todos os casos são reforçados bons hábitos de higiene de sono, nome dado aos comportamentos que favorecem a um sono de qualidade, como alimentação saudável, menor ingestão de bebidas estimulantes, prática regular de exercícios físicos, diminuição do tempo de exposição às telas de dispositivos eletrônicos antes de dormir (cerca de duas horas antes), e estabelecer horários regulares de dormir e acordar.
“Apenas após a avaliação médica é indicado o tratamento medicamentoso. No caso da insônia crônica, o tratamento padrão-ouro é a terapia cognitiva comportamental, uma modalidade não farmacológica normalmente aplicada por psicólogos com capacitação na área de sono. O uso de remédios deve ser individualizado, de acordo com as particularidades de cada paciente, e preferencialmente sempre junto de outra modalidade não farmacológica”, conclui a médica.