Para além de todos os efeitos e consequências sobre o cotidiano das pessoas, a pandemia de Covid-19 impactou também a procura por cursos de graduação na área da saúde, que vem aumentando desde 2020. Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), por exemplo, aponta que, no Brasil, esse movimento ocorreu tanto no ensino presencial quanto no ensino a distância.
De acordo com dados da associação, entre os 10 cursos a distância mais procurados em 2020, quatro são da área da saúde: farmácia, biomedicina, nutrição e enfermagem. No formato presencial, dos 10 mais procurados por novos ingressantes, sete são da área: psicologia, medicina veterinária, medicina, odontologia, biomedicina, enfermagem e fisioterapia.
Para Claudinei Alves Santana, farmacêutico e coordenador do Bacharelado em Farmácia do Centro Universitário Senac, o crescimento recente consolida um processo que já vem acontecendo há anos no país. O docente aponta que nas últimas duas décadas, em virtude da estabilização da economia, o setor de saúde recebeu recursos do exterior que têm propiciado a sua expansão.
Fusão de hospitais, chegada de empresas gestoras de saúde internacionais e a expansão dos planos de saúde são alguns dos fatores que, segundo Claudinei, explicam a evolução da área. “O setor público também se beneficiou dessa estabilização, conseguindo assim expandir hospitais e demais serviços”, comenta.
O especialista, que também coordena as pós-graduações em Farmácia Clínica e Hospitalar, Farmácia Hospitalar Oncológica e Farmacoterapia e Cuidado Farmacêutico do Senac, ofertadas na unidade Tiradentes, no Centro de São Paulo, afirma que a crise sanitária potencializou a procura devido ao maior espaço ocupado na mídia.
Ele opina que a divulgação na imprensa das ações de médicos e enfermeiros durante a pandemia incentivou as pessoas a procurarem compreender as atividades e funções dos profissionais da saúde para além dessas duas figuras. “Profissões como medicina, farmácia, enfermagem, fisioterapia, psicologia, entre outras, ganharam notoriedade”, diz.
Durante a pandemia, sobre a atuação dos farmacêuticos em particular, Claudinei destaca o trabalho de desenvolvimento de pesquisas e produção de vacinas, gestão de estoque dos medicamentos nos hospitais e na pesquisa e desenvolvimento devacinas pela Anvisa. Além disso, “houve uma atuação muito importante na educação em saúde da população nas drogarias, pois muitas pessoas começaram a realizar a automedicação na busca de soluções para tratar uma doença nova e grave”, conclui.
Boas perspectivas para os profissionais da Enfermagem
Alexandra Bulgarelli, coordenadora do Bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário Senac, também disponível na unidade Tiradentes, vislumbra um futuro promissor para a profissão. “A Enfermagem é a profissão do futuro, uma vez que o seu objeto é o cuidado em saúde. Para possibilitar esse cuidado, a interação humana é fundamental e requer sempre a presença de profissionais altamente qualificados na Ciência do Cuidado – que é a Enfermagem”, aponta.
Outro motivo levantado por Bulgarelli é o aumento da longevidade e o envelhecimento populacional que já vem sendo observado em muitos países, resultando em um crescimento demográfico em todo o planeta. Estimativas da Organização Mundial da Saúde, por exemplo, dão conta de que até a década de 2040 o mundo já terá mais de 10 bilhões de habitantes. “Esse cenário faz com que a presença de enfermeiros nos serviços de saúde se torne cada vez mais necessária”, pondera.
Sobre os impactos da Covid-19 na profissão, a docente destaca que a crise sanitária colocou em evidência as práticas de Enfermagem de várias formas, tanto na atenção primária à saúde, como na atenção especializada. Além disso, segundo ela, a pandemia pôs em pauta a atuação das equipes de Enfermagem, em especial dos enfermeiros, como gestores do cuidado em saúde envolvidos no planejamento, organização e viabilização dos processos de trabalho de todas as demais profissões da área da Saúde.
Dados recentes sobre a procura pela graduação em Enfermagem confirmam as visões de Bulgarelli: o Censo do Ensino Superior, divulgado pelo Inep, aponta tendência de aumento no número de ingressantes e concluintes do curso. No Centro Universitário Senac, por exemplo, a relação candidato-vaga para o Bacharelado em Enfermagem, em novembro de 2022, é de 3,1 candidatos por vaga. “Isso demonstra forte procura pelo curso, com reconhecimento dos candidatos pela expertise da instituição na formação na área da Saúde”, comemora.