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14/03/2023 às 16h07min - Atualizada em 16/03/2023 às 00h00min

Instituto ABCD celebra 14 anos de atividades com a missão de tornar o diagnóstico da dislexia mais acessível

•Instituto já formou mais de 15 mil professores •Mais de 110 mil crianças e adolescentes já foram atendidas pela entidade

SALA DA NOTÍCIA Heloizi Parra


O Instituto ABCD, organização social com o propósito de promover e disseminar projetos que impactem positivamente a vida de pessoas com dislexia, completa 14 anos este mês e tem muito a comemorar. Para se ter uma ideia, o instituto já formou mais de 15 mil professores e atendeu, nos sete centros de avaliação que mantém, mais de 110 mil crianças e adolescentes com o transtorno de aprendizagem. 

Cerca de 4% da população brasileira, mais de 7,8 milhões de pessoas, convive com a Dislexia, que tem origem neurobiológica e se caracteriza por problemas no reconhecimento preciso ou fluente das palavras, além de complicações na decodificação e dificuldades relacionadas à ortografia, à correlação de palavras. 

“É uma satisfação muito grande pra gente completar 14 anos de atividades. Apesar de saber que fazemos a diferença da vida de muitas famílias, ainda temos muito alcançar”, afirma Juliana Amorina, presidente do Instituto. Para ela, um dos objetivos principais da instituição é “tornar, cada vez mais, acessível o diagnóstico da dislexia. Para tanto, o Instituto disponibiliza ferramentas e compartilha conhecimentos para contribuir, de forma positiva, com o desenvolvimento da pessoa com dislexia durante a fase de alfabetização, tanto no lado cognitivo quanto no emocional 

Apoio para a alfabetização

Além dos cursos e de todo o apoio para o atendimento, o Instituto disponibiliza o EduEdu, aplicativo gratuito, lançado em 2019, que soma mais de 2 milhões de downloads. Desenvolvida pelo Instituto, a ferramenta entrega apoio à alfabetização e reforço escolar aos alunos dos anos iniciais da educação infantil até o 3º ano do ensino fundamental. Após uma avaliação inicial, o aplicativo identifica as áreas que a criança precisa de apoio e desenvolve atividades personalizadas para cada uma. E, além de acompanhar a evolução do aluno, também monitora o seu processo, gerando novas atividades quando necessário.

Legislação 
Publicada em dezembro de 2021 no Diário Oficial da União, a Lei nº 14.254/21 que prevê o acompanhamento integral de estudantes com dislexia, Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outros transtornos de aprendizagem completou um ano em dezembro passado 

Após treze anos de tramitação na Câmara e no Senado, o projeto que contou com a participação ativa dos especialistas do Instituto ABCD, além de diversas organizações sociais e grupos de familiares, foi aprovado e garante o direito a políticas educacionais mais inclusivas a cerca de oito milhões de brasileiros que convivem com a dislexia.

Mãe de Maria Lucia, de 18 anos, diagnosticada ainda na infância com dislexia, Gabrielle Coury de Andrade vive com a família no Mato Grosso onde, praticamente, liderou a circulação das primeiras informações sobre o tema por volta de 2013 quando recebeu o diagnóstico da filha. De lá pra cá, fundou grupos de pais com o apoio integral do Instituto ABCD que cresceram e hoje compõem a Associação Dislexia-MT e o Grupo Mães do Brasil. 

A ativista reforça que, ao lado de toda a comunidade de pais e familiares de disléxicos contou com o apoio ativo do Instituto durante as articulações do projeto de Lei, em Brasília, com visitas presenciais frequentes ao MEC, Senado e Câmara dos Deputados. “O Instituto foi fundamental para a criação do grupo Mães do Brasil que ajudou a impulsionar a publicação da Lei. Ele sempre esteve comigo, me dando ferramentas, ideias e ânimo para avançar com o projeto. Quando o grupo passou a ser uma associação, esse contato se estreitou ainda mais, com a disponibilização de material didático e informações científicas. Ainda temos muito pela frente e precisamos muito do Instituto”, declara. 

Diagnóstico oneroso 
A falta de acessibilidade ao diagnóstico é um dos desafios enfrentados pelos brasileiros. Dados do Perfil do Transtorno Específico da Aprendizagem, lançado pelo Instituto ABCD em 2021, que reuniu 304 participantes mostram que uma das maiores barreiras no diagnóstico é o alto custo financeiro. De acordo com a pesquisa, o custo médio da avaliação para a dislexia pode chegar a R$ 1.000,00. Entretanto, 47% das famílias revelaram que gastaram o dobro somente na fase de diagnóstico, cuja despesa atingiu R$ 2 mil. Com isso, o diagnóstico costuma ser feito por volta dos 8,6 anos, quando o ideal seria entre os seis e sete anos.

O acompanhamento segue o mesmo ritmo: 62% das famílias entrevistadas investem mais de R$ 800 por mês em atendimentos especializados e como o gasto é elevado, o acompanhamento está diretamente ligado à renda familiar: das famílias que não conseguem arcar com essa despesa, cerca de 40% têm renda média de R$ 2 mil.
 
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