A relação das gerações passadas com o sono era mais regular e consistente comparada à atual geração Alpha e a recente, Z. A principal diferença está no estilo de vida mais agitado, conectado e com maior presença das telas nos dias de hoje. Por isso, é importante a adaptação do ritmo do presente, sem deixar de ter um sono de qualidade para recarregar as energias para mais uma rotina.
Em décadas anteriores, as pessoas tinham menos atividades noturnas e ainda contavam com um ambiente mais tranquilo para ir à cama. Já a geração atual, devido ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos antes de dormir, passa por mais estresse e ansiedade e ainda tem horários de trabalho irregulares ou turnos noturnos. As cargas de trabalho e até mesmo as profissões mudaram drasticamente. Dez anos atrás não existia a profissão de influenciador digital, nem mesmo o estrategista de marketing digital.
É preciso lembrar que cada pessoa é única e pode enfrentar desafios diferentes quando se trata de dormir bem. Uma noite mal dormida acarreta problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, ou a piora dos sintomas em pessoas que já sofrem dessas condições.
Poucas horas de sono também trazem problemas de saúde física, como obesidade, doenças cardíacas, diabetes e pressão alta. A memória e a concentração são afetadas, assim como o desempenho atlético e o humor. Dormir pouco pode ainda acelerar o processo de envelhecimento, pois interfere na capacidade do corpo de se regenerar.
Da mesma forma, o contrário também é verdade. Algumas condições, como obesidade, estresse, apneia obstrutiva do sono e até mesmo hipertireoidismo, podem contribuir para uma má qualidade do sono e todas suas consequências no dia a dia, como a dificuldade para se concentrar e sonolência diurna. A troca da rotina do sono e a má qualidade do processo podem aumentar o risco de acidentes do trabalho, queda do rendimento e dificuldade de atenção e aprendizado.
Há soluções para elevar a qualidade do seu descanso. A higiene do sono é uma delas. Trata-se de estabelecer uma rotina consistente para ir à cama a fim de regular o relógio interno do corpo. Para isso, é vital criar um ambiente propício, mantendo o quarto escuro, fresco e silencioso, por exemplo, livre de gatilhos estressores.
Técnicas de relaxamento, como meditação, mindfulness, ioga ou alongamento são outras medidas, assim como praticar exercícios regulares e evitar substâncias estimulantes antes de dormir, como café, álcool, energético e nicotina. Reduzir a exposição à luz de eletrônicos também é válida, pois interfere na produção de melatonina, hormônio importante para alcançar esse estado da mente e do corpo.
A medicina do sono é relativamente recente no Brasil e no mundo, e algumas outras especialidades médicas são muito familiarizadas com o tema, como a otorrinolaringologia. Entendendo a importância do sono na qualidade de vida, trabalho e saúde mental, evidenciamos a necessidade do desenvolvimento de tecnologias que ajudem a reduzir a exposição à luz artificial no momento do adormecimento e utilizem a inteligência artificial para medir a qualidade desse estado, auxiliando a entender padrões e o que cada pessoa pode fazer no dia a dia para impactar da melhor maneira sua noite.
A geração atual precisa cuidar melhor da saúde e da mente. Assim, é possível melhorar a qualidade do sono, que deve ser encarado como um momento único e exclusivo, em que o corpo precisa se desligar de uma certa forma para organizar a memória e fazer todo o processo reparador, cognitivo, fisiológico e metabólico.
Esqueça a falácia de que é necessário dormir menos para produzir mais; isso não funciona. A nova geração já não compra a ideia de “trabalhe enquanto eles dormem”, mas também não dorme adequadamente devido aos estímulos e tempo de tela. É preciso trabalhar o autoconhecimento e ouvir mais o corpo e a mente. Não se deve pensar: tenho que dormir, mas, sim, que bom que vou dormir. Será o momento de revitalização física e mental. Se dê isso de presente. Passamos um terço das nossas vidas dormindo, então, que seja da melhor forma.
*Por Sérgio Bruni, CEO da sleeptech Ukor, que avalia a qualidade do sono e fornece ferramentas para o melhor ajuste do estado de adormecimento; Rafael Kenji, CEO da FHE Ventures, Uma venture builder referência no país focada em transformar o futuro da saúde e da educação
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A Ukor é uma sleeptech, investida pela FHE Ventures, que avalia a qualidade do sono e fornece ferramentas para o melhor ajuste do estado de adormecimento.