Durante a pandemia, houve um aumento significativo do volume de lixo plástico. Entre as explicações para isso estão o avanço do delivery de alimentos e das compras on-line e o maior consumo de material hospitalar descartável, como máscaras e luvas. O problema se torna ainda mais preocupante quando se sabe que o Brasil recicla apenas 1,28% desse tipo de material, segundo dados da WWF citados pelo Atlas do Plástico, um estudo inédito realizado pela organização sem fins lucrativos Fundação Heinrich Böll, da Alemanha. Porém, quando se faz um recorte sobre essa cadeia de reciclagem, olhando exclusivamente para a maior certificadora de logística reversa de embalagens do país, a situação muda completamente.
Dados divulgados pela eureciclo mostram um crescimento de 40% no volume de reciclagem realizada em 2020 pela empresa, que aponta que um dos muitos fatores por trás desse número está a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Criada em 2010, esse projeto de lei prevê que as empresas também são responsáveis pelo que acontece com suas embalagens depois que elas saem das prateleiras, vão para a casa do consumidor e, dali, para o lixo.
“Como é impossível rastrear onde todas as nossas embalagens foram parar depois do produto ser consumido, bem como comprovar nossas ações para reduzir o impacto ambiental provocado por elas, aderimos à logística reversa das embalagens através do conceito de compensação ambiental. Nele, a cada produto que vendemos, uma quantidade equivalente do mesmo material da embalagem é reciclada em um operador no Brasil, através da parceria com diversas cooperativas e operadores de reciclagem por meio da nossa adesão ao selo eureciclo”, esclarece a líder da equipe de gestão ambiental da Bio Extratus Cosméticos Naturais, Luciana Repolês.
A Bioextratus usou o Dia do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho último, como marco para a adesão ao serviço prestado pela eureciclo. Assim, a partir de agora, todos os cosméticos da marca terão o selo eureciclo, para que o consumidor saiba que escolheu um produto com responsabilidade socioambiental. Mais de quatro mil empresas oferecem o mesmo selo, entre elas Arezzo, Swift, Azul Linhas Aéreas, Bonafont, 3M e Adidas. “Esse tipo de investimento não é uma novidade para a Bio Extratus. Antes de se tornar lei, no ano de 2010, nós já investíamos em iniciativas de compensação ambiental das embalagens pós-consumo. E agora, apesar da lei obrigar a compensação de 22% das suas embalagens, decidimos investir na compensação de 100% para garantir uma atuação ainda mais sustentável”, completa Luciana Repolês.
Consumidor engajado
Ao lado da tecnologia e da personalização, conceitos como valor social e sustentabilidade passam a ser decisivos na hora da escolha de um produto, aponta o Caderno de Tendências da ABIPHC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Com isso, as empresas do setor têm pela frente um admirável mundo novo de oportunidades, mas, também, um grande desafio, já que o que fará uma marca crescer ou desaparecer é seu real entendimento das demandas desse novo consumidor. Afinal, é ele quem está determinando os rumos do mercado. “E, com 75% dos millenials falando que estão em busca de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos com preocupação sustentável, segundo levantamento da Nielsen Global Survey of Corporate Social Responsability and Sustainability, é muito importante levar essa questão a sério”, destaca Luciana Repolês, da Bio Extratus.
Todos só têm a ganhar com essa tendência, especialmente quando se sabe que, no Brasil, 50% do lixo é coletado, porém, somente 3% do resíduo reciclável é reciclado, segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Nesse quesito, é importante que a população também faça a sua parte, já que 77% dos brasileiros sabem que o plástico é reciclável, segundo pesquisa Ibope de 2018, mas, mesmo assim, o Brasil ocupa a 16ª posição no ranking dos maiores poluidores do oceano por plástico, de acordo com o Atlas do Plástico.