Em reunião com ministro da Saúde, representantes de 22 estados e Distrito Federal pediram que recomendações sejam formalizadas no Programa Nacional de Imunizações. Marcelo Queiroga disse que governo pode fazer alterações 'desde que haja elementos técnicos' Fórum de Governadores se reúne com ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
Walterson Rosa/MS
Governadores e representantes de 22 estados e do Distrito Federal cobraram orientações do Ministério da Saúde sobre a antecipação da 2ª dose da vacina contra Covid-19 e a imunização de adolescentes. Os temas foram discutidos em reunião do Fórum de Governadores do Brasil com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nesta terça-feira (13), em Brasília.
O grupo solicitou que as recomendações sejam incluídas no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Ao final do encontro, o ministro Queiroga não descartou o pedido, mas disse que "há [possibilidade], desde que haja elementos técnicos".
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Pelo menos oito capitais e o DF já anunciaram que vão antecipar a segunda dose das vacinas AstraZeneca e Pfizer, ambas com recomendação de intervalo de 90 dias no PNI. Apesar das decisões, até esta terça, o governo federal mantinha a orientação.
Orientação
O Piauí foi um dos estados que anunciou a antecipação da segunda dose. Segundo o governador Wellington Dias (PT), presidente do Fórum, apesar de já ter divulgado a medida, o estado espera uma recomendação do Ministério da Saúde.
"Nós tivemos uma posição do comitê científico, dizendo que é possível a redução, mas tomamos a decisão de trazer hoje, aqui, nessa reunião entre o ministério e todos os estados, e vamos adotar aquilo que for aprovado no PNI", disse.
Ainda de acordo com Dias, o fórum deve formalizar o pedido de orientações ao governo federal em até 48 horas. "Vamos apresentar até quinta-feira (15) os argumentos que levaram a esse posicionamento [de redução dos intervalos], para que seja apreciado e definido em todo o Brasil pela Comissão Intergestores Tripartite e pelo PNI", afirmou.
Antecipação da vacina
Rede pública do Distrito Federal aplica vacina AstraZeneca/Oxford
Breno Esaki/Agência Saúde DF
Um estudo divulgado pela revista científica Nature, na semana passada, concluiu que uma única dose das vacinas da Pfizer ou da AstraZeneca é pouco ou nada eficiente contra as variantes delta e beta. No entanto, duas doses são capazes de neutralizá-las.
A delta, identificada inicialmente na Índia, é ligada à alta de casos em vários países. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, em breve, a cepa pode ser a possível "dominante em circulação mundial".
A variante já foi identificada em 104 países. No Brasil, até a última semana, havia registros em cinco estados. Ao ser questionado sobre a antecipação da segunda dose das vacinas para aumentar a proteção contra a nova cepa, Queiroga rebateu.
"Variante Delta.. Quais são as evidências que temos uma propagação da variante delta no Brasil? Não temos", disse.
O ministro da Saúde também destacou que as orientações atuais do Ministério da Saúde seguem estudos. "Os pesquisadores de Oxford falam que [se] alargar o período de aplicação entre a 1ª e 2ª dose, teremos um cenário mais favorável. Então, vamos deixar os técnicos decidirem isso. Eles são as pessoas indicadas para tomarem as decisões técnicas", afirmou Queiroga.
Durante a reunião, o governador em exercício no DF, Paco Britto (Avante), foi um dos representantes que defendeu a antecipação da segunda dose. Na capital federal, o governo conta com a redução no intervalo para imunizar todos os professores antes do retorno das aulas presenciais, previsto para 2 de agosto. Além disso, pretende avançar no atendimento do público em geral.
"Com essa antecipação da dose, o GDF está pedindo que reduza [o prazo] para que possamos ter, até outubro, de 70 a 80% da população [do DF] imunizada", disse Paco Britto no encontro.
Vacinação de adolescentes
Adolescente recebe vacina contra a Covid-19 em Pekanbaru, na Indonésia.
Wahyudi / AFP
Quanto à vacinação de adolescentes, Marcelo Queiroga disse que "cabe aos técnicos do Ministério da Saúde analisar". A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou o uso da Pfizer no grupo com 12 anos ou mais.
A capital do Maranhão, São Luís, anunciou que a campanha de jovens de 16 anos começa nesta quarta (14). Já o estado de São Paulo informou que vai imunizar adolescentes com idades entre 12 e 17 anos a partir de 23 de agosto.
"A todo momento que há uma aprovação da Anvisa, que tem eficácia, aí os técnicos vão se debruçar para verificar como pode ser implementado no Programa Nacional de Imunizações", afirmou.
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Fonte: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/07/13/governadores-cobram-orientacoes-do-ministerio-da-saude-sobre-antecipacao-da-2a-dose-e-vacinacao-de-adolescentes.ghtml