25/05/2022 às 14h49min - Atualizada em 26/05/2022 às 00h01min
Marcella Aquino, cantora e neurocientista, fala sobre os efeitos da música no cérebro.
Doutora em neuroeducação, a artista explica que o hábito de escutar canções, além de entretenimento, pode trazer benefícios neuropsicológicos.
SALA DA NOTÍCIA NW Comunicação
Divulgação A música é capaz de influenciar nosso dia a dia em diversos aspectos comportamentais e neurobiológicos.De modo especifico auxilia no processo de aprendizagem, na recuperação física e mental ante diversas enfermidades, uma vez que a música faz parte do nosso cotidiano, influenciando as emoções. Inclusive, muitos tratamentos podem chegar a resultados mais rápidos e satisfatórios com o auxílio da música. A cantora Marcella Aquino sabe muito bem disso. Neurocientista com foco na música, a artista realizou um estudo inovador no seu programa de doutorado, com o objetivo de comparar métodos de educação musical, a tradicional e a metodologia por indagação, desde uma perspectiva didática, neurocognitiva, de rendimento acadêmico e de estrutura cerebral. Para isso, foi desenvolvido e aplicado tarefas de memória e criatividade em educação musical, com músicos, em Ressonância Magnética Funcional (FMRI). Avaliando desde as esferas citadas, uma sequência de atividades musicais baseados no método de educação por indagação e no método de educação tradicional, comparando-os em relação a estrutura cerebral, antes e depois de uma aprendizagem musical. Participaram 100 pessoas na pesquisa sendo 61 voluntários universitários músicos e não músicos, 34 expertos e 5 docentes. Neste período foi utilizada duas vezes a Ressonância Magnética nos voluntários, para analisar como se comportava o cérebro diante a música, um trabalho que durou quatro anos e meio. “Os benefícios neuropsicológicos da música são diversos. Pode reduzir o estresse, melhora o humor, a concentração e o raciocínio, além de aumentar a resistência, melhorar a capacidade respiratória, as habilidades motoras e a redução das dores”, explica. Especificamente, os músicos apresentam maiores ativações das regiões motoras, pré-frontal esquerda, assim como da ínsula e da região parietal inferior. Ao mesmo tempo, mostram maior desativação de áreas da Default Mode Network (DMN). A tese ainda mostra que a atividade cerebral antes da tarefa musical é diferente dependendo da experiência musical, mas também que o tempo gasto na improvisação musical influencia a ativação de diferentes áreas cerebrais. Nos músicos, está relacionado às regiões motoras responsáveis pelo planejamento motor e controle cognitivo, enquanto nos participantes sem experiência musical, está relacionado à ínsula, região envolvida, entre outras funções, na integração multissensorial da informação e do processamento emocional. A importância deste trabalho, que foi publicado em Scientific Reports, uma das mais importantes revistas científicas do mundo, reside no fato de ter sido possível conceber uma tarefa específica para discriminar a criatividade musical, uma vez que é importante para a sociedade conhecer os benefícios neuropsicológicos da prática musical e que esses benefícios são o resultado das mudanças cerebrais que a música produz no cérebro. “A música pode trazer outros benefícios como estimular a memória, ativando conexões cerebrais importantes; melhorar o desempenho da produtividade, deixando a pessoa mais alerta e entusiasmada com as suas atividades e um melhor rendimento em atividades de lógica e matemática”, destaca a neurocientista. A pesquisa não parou aqui. O estudo mostrou também que as metodologias (tradicional e por indagação) produzem modificações estruturais cerebrais de modo destinto. A parte triangular do IFG, a ínsula, o córtex cingulado e o giro temporal se alteram diante das metodologias evidenciadas. Com a metodologia por indagação o cérebro tenta "criar" uma forma de reestruturar e/ou inibir a informação e gerar pensamentos e imagens internas. A metodologia tradicional fomenta um esforço mental mais analítico, hierárquico e baseada na memória. Marcella Aquino, também lançou recentemente a canção “Estampa na flor” nas plataformas digitais de streaming, levando seu trabalho para mais de 52 países. Nascida em João Pessoa na Paraíba, a artista de voz forte e marcante é uma das novas apostas do pop contemporâneo. Com uma bagagem artística, carisma e o sonho de tocar o coração das pessoas com sua arte, ela também é formada em neuropsicologia com mestrado em neurociência e doutorado que abrange a neuroeducação. “Consegui conectar a formação acadêmica com a minha paixão pela música. Como pesquisadora, sou encantada pelos estudos sobre os efeitos da música no cérebro, alinhando assim minhas duas vocações e me realizando nas duas áreas”, finaliza.