Já não é nenhuma novidade a necessidade que as empresas têm de realizar investimentos voltados para a proteção de seus sistemas digitais. De acordo com a BugHunt, primeira plataforma brasileira de bug bounty, programa de recompensa por identificação de falhas, com o aumento do trabalho híbrido ou remoto nos últimos dois anos, essas formas de trabalho digital só aumentaram, fazendo com que, consequentemente, os ciberataques também evoluíssem para métodos mais complexos e frequentes.
“Os avanços tecnológicos trouxeram novas formas de trabalho, e dentro delas, o desenvolvimento de muitos serviços no ambiente online, guardado em nuvens, drives, entre outros”, explica Caio Telles, CEO da BugHunt. “Grande parte dos ciberataques realizados atualmente contam com o fator humano como parte fundamental para a facilitação de invasões e roubos”, alerta.
Para o executivo, mesmo com uma empresa investindo em metodologias de proteção, é sempre importante voltar a atenção para a educação dos funcionários sobre o assunto, explicando possíveis políticas de segurança digital que fazem a diferença no dia a dia. “São diversas as estratégias e cuidados que podem ser adotados pelos colaboradores da empresa”, pontua Telles.
O especialista, então, listou algumas dicas de segurança digital que podem mudar a rotina de uma empresa e fazer com que ela esteja mais protegida contra cibercriminosos.
Dicas de segurança digital para os funcionários da empresa
O uso de senhas fracas é uma das brechas mais comuns em empresas que sofreram algum tipo de ciberataque. “Senhas muito simples e fracas fazem com que a dificuldade para a invasão a sistemas seja substancialmente menor”, diz Telles.
Logo, uma saída é utilizar senhas longas, que contenham diversas simbologias, como letras maiúsculas e minúsculas, números, e até sinais de pontuação. Além disso, também é indicada a troca de senha de forma rotineira, em períodos de três meses, por exemplo.
O especialista recomenda: “Uma dica de segurança interessante é a elaboração de senhas em plataformas que desenvolvem passes automáticos e com alto grau de complexidade”.
Uma das dicas de segurança que andam em conjunto com o grau de dificuldade das senhas são as regras relacionadas ao seu compartilhamento com terceiros. Para o CEO da BugHunt, quanto mais pessoas têm acesso a certos ambientes digitais, mais suscetível ele estará a erros e falhas que acarretam na invasão de usuários mal intencionados.
“É fundamental que as senhas sejam pessoais e intransferíveis, e os acessos sejam concedidos apenas a funcionários que realmente necessitam delas para o trabalho. As senhas genéricas e compartilhadas, por exemplo, dificultam a rastreabilidade em um eventual incidente”, afirma.
Um ponto complexo em relação ao home office é a utilização dos dispositivos de serviço, fornecidos pela empresa, também para uso pessoal. “Caso a empresa ofereça equipamento ao funcionário, é recomendado que ele use apenas para funções do trabalho. Assim, evita-se que o sistema esteja exposto a conteúdos não protegidos, além de dificultar as ações de um cibercriminoso”, recomenda Telles.
Em e-mails maliciosos imitando mensagens oficiais de empresas, é comum a presença de links suspeitos, uma forma de phishing muito praticada. Isso pode permitir que cibercriminosos invadam sistemas e tenham acesso a dados particulares e sigilosos. “É importante o usuário não clicar em links desconhecidos e ter cuidado com mensagens suspeitas em aplicativos ou em caixa de e-mails”, observa o especialista.
Sendo assim, é sempre importante conferir os detalhes, como endereço de e-mail de quem está enviando a mensagem, se o conteúdo possui erros de português e se as imagens com o logo da organização aparecem em baixa resolução.
Assim como é importante evitar o acesso a links que não são comprovadamente seguros, é fundamental que o usuário evite realizar download de arquivos e aplicativos desnecessários ou que sejam suspeitos.
De acordo com Telles, um cibercriminoso pode facilmente acessar o sistema e os dados de uma empresa a partir de um malware instalado por meio de um download suspeito realizado pelo funcionário. O resultado pode acabar em sequestro e roubo de dados, causando perda de dinheiro e venda ilegal de informações.
Recomendações de segurança digital para as empresas
Apesar de as dicas de segurança para os funcionários em trabalho remoto ou híbrido serem importantes para maior proteção dos dados, é primordial também que as empresas também façam investimentos voltados à cibersegurança. “Ações básicas, como a atualização dos softwares de antivírus e a regulamentação de políticas sobre o uso de equipamentos da companhia, devem ser realizadas periodicamente e podem mitigar possíveis ciberataques”, diz o CEO da BugHunt.
Além disso, a utilização de métodos como o do Zero Trust - ideia de que todo usuário não é confiável - permite que os acessos a arquivos e informações sejam restritos a funcionários autorizados. “A contratação de uma equipe especializada em segurança da informação é uma forma de garantir que os sistemas estejam protegidos, ou que a empresa saberá lidar com um possível ataque”, argumenta Telles.
Para o especialista, o investimento em bug bounty, programa de caça de bugs e vulnerabilidades no sistemas em troca de recompensas, é outra tendência entre as grandes corporações. “Neste método, especialistas em segurança da informação analisam os sistemas de uma empresa à procura de falhas que podem abrir brechas para os cibercriminosos atuarem naquele ambiente digital. Esses especialistas são recompensados com gratificações financeiras”, explica. “O bug bounty é uma estratégia que, além de trabalhar com a proteção antecipada dos sistemas, também permite que eles sejam frequentemente testados por profissionais capacitados”, conclui.