18/11/2022 às 15h48min - Atualizada em 21/11/2022 às 00h02min
Brasil ganha Centro de Doenças Tromboembólicas
Iniciativa reúne 14 centros hospitalares dedicados à implantação de um programa de registros oficiais dos casos de trombose no Brasil.
SALA DA NOTÍCIA Fernando Sant'Ana
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Dra. Joyce Annichino (ao centro) e equipe médica do novo Centro de Doenças Tromboembólicas, iniciativa da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia em parceria com o Hemocentro da Unicamp. (créditos: Michel Moraes / divulgação) De acordo com a Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia – SBTH, a cada ano mais de 200 mil brasileiros são acometidos por algum fenômeno trombótico e muitos desses eventos poderiam ser evitados. Entre maio de 2021 e abril de 2022, estima-se que houve quase 78 mil internações de pacientes nos serviços públicos em decorrência da trombose. Para contribuir com a melhora desse quadro, entra em operação o Centro de Doenças Tromboembólicas (CDT), localizado no Hemocentro da Unicamp, em Campinas, São Paulo, em parceria com a SBTH. O lançamento do CDT, em 18 de novembro de 2022, será marcado por um evento que reunirá especialistas, pesquisadores, profissionais de medicina e centros médicos, pilares fundamentais para esta relevante conquista para a luta contra a trombose venosa no Brasil. A iniciativa foi aprovada pelo Programa de Centros de Desenvolvimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que, junto com a Pró-Reitoria de Pesquisa da Unicamp, disponibilizou um aporte de R$ 4 milhões para a concretização do projeto. Com a falta de dados sobre ocorrências de trombose no Brasil, a inauguração do CDT dá início à implantação de um programa de registros oficiais dos casos, em três importantes grupamentos: o primeiro em adultos com quadro agudo da doença, o segundo em crianças hospitalizadas e o terceiro em pacientes com câncer – fator de risco para a ocorrência de eventos tromboembólicos. Nesta primeira fase de implantação, foi formada uma rede com centros hospitalares do SUS localizados em Campinas, Botucatu, São José do Rio Preto, São Paulo, Barretos e Ribeirão Preto, que incluirão no programa mais de 10 mil pacientes, convidados pessoalmente em sua primeira visita a algum hospital para então serem acompanhados, ao longo do estudo, por WhatsApp ou telefone. Nesta fase inicial, 14 centros hospitalares de seis municípios do Estado de São Paulo compõem a rede do CDT: o Hospital de Clínicas, o Hemocentro e o CAISM – todos da Unicamp; o Hospital da PUC e o Hospital Dr. Domingos Boldrini em Campinas; o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu; o Hospital de Base da Fundação da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto; o Hospital do Amor de Barretos; o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto; e, na capital paulista, o Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch-M’Boi Mirim, o Hospital Municipal Vila Santa Catarina, o Hospital Santa Marcelina de Itaquera, o Hospital das Clínicas da USP e o Hospital Universitário da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Ter um centro voltado para a trombose é muito importante, pois poderemos gerar dados inéditos para o Brasil, com definições de políticas públicas, atuação na educação de profissionais da saúde, dos pacientes e da população em geral. É uma rede de profissionais altamente qualificados, de diversas especialidades, associada às referências que são a Unicamp e a SBTH”, esclarece a médica hematologista Joyce Annichino, professora, coordenadora da área clínica e laboratorial de Doenças Tromboembólicas do Hemocentro da Unicamp e vice-presidente da SBTH. A trombose venosa é uma doença caracterizada pela formação de trombos (coágulos) nas veias de qualquer parte do corpo, mas principalmente nas veias das pernas, e que pode evoluir para uma embolia pulmonar caso o trombo se movimente pela corrente sanguínea. É a terceira causa de óbito entre as enfermidades cardiovasculares e pode ser evitada na grande maioria dos casos. No Brasil, ainda não existem dados robustos sobre a sua ocorrência na população. Como consequência, as estratégias públicas para mitigação da doença são baseadas em estudos divulgados por outros países, que possuem perfis étnicos e socioeconômicos diferentes do brasileiro. Estudos pilotos sobre trombose foram realizados em Campinas no Hospital de Clínicas, no Hospital da Mulher José Aristodemo Pinotti - Caism Unicamp, no Hemocentro da Unicamp, no Hospital Celso Pierro da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e no Hospital Dr. Domingos Boldrini. Na ocasião, foram avaliados 800 pacientes com câncer e cerca de 6 mil crianças internadas, mas, no caso de pessoas com trombose aguda, não foi possível dar sequência ao estudo devido à pandemia de Covid-19. “Foram gerados dados bastante interessantes, porque não tínhamos nada do tipo no Brasil, mas a partir de agora, com o CDT, nós vamos avaliar um número muito maior de pacientes em um projeto multicêntrico, com a capital e várias cidades importantes do interior paulista, o que é muito mais relevante”, explica a Dra. Joyce. A Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia – SBTH é uma entidade civil sem fins lucrativos que visa a promover a educação continuada e disseminar conhecimento para a redução do tromboembolismo e suas consequências. Fundada em 10 de outubro de 2018 e composta atualmente por mais de 200 médicos, sob o lema “A Vida Deve Fluir”, a SBTH tem como missão investir em educação continuada e pesquisas, chamar atenção para a importância da prevenção e ampliar o acesso a medicamentos e tratamentos para a trombose. Atualmente, a SBTH trabalha para o fomento de políticas governamentais, educacionais e assistenciais através da promoção de pesquisas médicas relacionadas à trombose e doenças hemorrágicas congênitas ou adquiridas. www.sbth.org.br | @sbth.bsth