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13/01/2023 às 17h50min - Atualizada em 16/01/2023 às 00h00min

As 6 tendências tecnológicas que vão afetar o setor da segurança em 2023

Por Johan Paulsson, CTO da Axis Communications

SALA DA NOTÍCIA Adriana Fernandes


O fato da tecnologia ter se tornado onipresente na nossa vida pessoal e profissional não é novidade e se deve, em grande parte, aos benefícios que as novas soluções trazem às empresas e aos cidadãos do mundo todo na prestação de serviços novos, mais eficazes e cada vez mais eficientes.  No entanto, a profundidade da integração da tecnologia nas nossas vidas, os avanços nas suas capacidades e uma maior consciência das suas implicações na sociedade são também maiores do que nunca e continuam a acelerar.

Tendo isto em conta, muitas das grandes tendências macroeconômicas em todo o mundo - abrangendo questões geopolíticas, incerteza econômica, preocupações ambientais e direitos humanos - têm implicações em todos os setores tecnológicos, incluindo a indústria da segurança.

O nosso, é um segmento que faz uso de tecnologia cada vez mais inteligente, inerentemente envolvido na recepção de dados sensíveis e tão impactado por questões geopolíticas que afetam o comércio internacional como qualquer outro. Porém, continuamos convictos de que as nossas inovações irão criar um mundo mais inteligente e seguro.

Pensando nisso, estas são as seis principais tendências tecnológicas que acreditamos irão afetar o setor da segurança em 2023.

1) Rumo a uma visão prática

Nos últimos anos, a utilização crescente da Inteligência Artificial (IA) e machine learning tem sido centralizada na oportunidade de análises avançadas. Avançando, a mudança de foco passará da análise propriamente dita, para as visões práticas que proporcionam ao serem utilizadas em casos específicos. Trata-se menos de dizer que algo está errado, mas sim ajudar a decidir que ação tomar.

Um fator determinante na hora de utilizar a análise a fim de proporcionar conhecimentos práticos, é o enorme aumento dos dados gerados pelas câmeras de vigilância, juntamente com outros sensores integrados à solução. O volume de dados (e metadados) criados seriam impossíveis de serem interpretados por operadores humanos com suficiente rapidez, mesmo com enormes e dispendiosos aumentos de recursos.

A utilização das análises pode gerar ações em tempo real que apoiam a segurança, a eficiência operacional e a proteção. Desde os avisos para ligar aos serviços de emergência em caso de incidentes, ao redirecionamento do tráfego nas cidades para aliviar os engarrafamentos, à redistribuição de pessoal em estabelecimentos comerciais movimentados, à poupança de energia nos edifícios através de iluminação e aquecimento mais eficientes, a análise está a recomendar, a sugerir e mesmo a começar a tomar as medidas que apoiam os operadores humanos.

Para além de insights úteis “ao vivo”, a análise pode apoiar na análise forense pós-incidente. Mais uma vez, dada a grande quantidade de dados que estão a ser criados pelas câmeras de vigilância, encontrar as perspectivas relevantes de uma cena pode demorar algum tempo. Isto pode dificultar as investigações e reduzir a probabilidade de serem encontrados os suspeitos. A busca assistida aborda esta questão, ajudando os operadores a encontrar rapidamente indivíduos e objetos de interesse entre horas de filmagens.

Finalmente, as ações propostas promovidas pelos analistas estão cada vez mais viradas para o futuro. O tempo de inatividade em instalações industriais e fábricas pode ser dispendioso. Uma combinação de sensores permite que a análise inteligente proponha uma manutenção preventiva antes de uma falha total.

“Da análise à ação” será o mantra para 2023.

2) Utilizar arquiteturas híbridas definidas para cada caso

Como venho batendo na tecla sobre tendências tecnológicas, agora é comumente aceito que uma arquitetura de tecnologia híbrida é a mais adequada para sistemas de segurança, misturando servidores no local, computação baseada em nuvem e dispositivos de ponta poderosos.

Todavia, nenhuma arquitetura se enquadra em todos os cenários. Mas aqui está a solução: primeiro avalie o que precisa de ser tratado no seu caso de utilização específica, e depois defina a solução híbrida que irá satisfazer as suas necessidades. É necessário considerar uma série de fatores.

Sem dúvida, as vantagens da análise avançada incorporada nas câmeras de vigilância no extremo da rede são evidentes. A análise das imagens da mais alta qualidade no instante em que são captadas dá às organizações a melhor hipótese de reagir em tempo real.

Do mesmo modo, os dados gerados pelas câmeras de vigilância são agora úteis para além da visualização em tempo real. A análise das tendências ao longo do tempo pode fornecer informações que promovem eficiências operacionais. Esta análise exige frequentemente o poder de processamento encontrado nos servidores locais ou na nuvem.

E, claro, existem os requisitos - muitas vezes definidos por regulamento - em torno da privacidade e armazenamento de dados que variam de país para país e de região para região. Estes podem definir a diferença entre o armazenamento no local e a utilização da nuvem.

 O essencial é não ligar-se a uma só arquitetura. Mantenha-se aberto, dê a si próprio a flexibilidade para criar a arquitetura híbrida mais adequada às suas necessidades específicas.

3) O aparecimento de subtendências de cibersegurança

A importância da cibersegurança é também realçada através da exigência de estar em conformidade com as normas. Por exemplo, a proposta de Regulamentação de Resiliência Cibernética da Comissão Europeia irá colocar maiores exigências aos produtores de hardware e software em todos os setores para garantir a cibersegurança dos seus produtos, através de menos vulnerabilidades no lançamento e uma melhor gestão da cibersegurança ao longo do ciclo de vida dos produtos. Assim, o segmento da segurança e vigilância será, evidentemente, incluído.

O regulamento demonstra tanto a importância como a complexidade da cibersegurança, que já não pode ser vista como um único assunto, mas sim como várias áreas interligadas. Algumas delas estão bem estabelecidas, mas outras estão a emergir.

Na videovigilância, as medidas de cibersegurança que asseguram a autenticidade e segurança dos dados à medida que são captados e transferidos da câmera para o servidor serão essenciais para manter a confiança no valor das soluções.

Veremos uma abordagem mais proativa por parte dos fornecedores de tecnologia na identificação de vulnerabilidades, com programas de “bug bounty”, que se tornarão comuns para incentivar as partes externas.

Já os clientes esperam transparência em relação à cibersegurança das soluções de segurança, com uma lista de materiais de software que se consolidará como um padrão na avaliação da segurança de software e gestão de riscos.

4) Além da segurança

Uma das tendências mais significativas para a indústria de segurança, e com uma oportunidade igualmente importante, é ir além da segurança. 

As câmeras de vigilância se tornaram sensores poderosos. A qualidade das informações de vídeo que capturamos, em todas as condições, aumentou de ano para ano por décadas. Hoje, por meio de análises avançadas, também criamos metadados - informações sobre dados de vídeo - que agregam outra camada de informação e valor. 

Obviamente, isso é melhor e aumenta a capacidade de oferecer suporte para o uso focado em eficiência operacional, para mais do que apenas segurança. Existe agora a oportunidade de combinar os dados gerados pelas câmeras de vigilância com os de outros sensores - monitoramento de temperatura, ruído, qualidade do ar e da água, vibração, meteorologia e muito mais - criando uma rede sensorial avançada que permite tomar decisões com base em dados. 

Já observamos a utilização de tais redes em ambientes industriais através da monitorização de processos e do apoio à manutenção proativa. Mas os casos de utilização em que estas redes poderiam ser aplicadas são limitados apenas pela nossa imaginação, mas sem dúvida que podem ajudar a melhorar quase todos os aspectos das nossas vidas, incluindo a nossa segurança.

5) Sustentabilidade sempre, na vanguarda do combate às mudanças climáticas

A sustentabilidade tem sido apresentada em várias das nossas previsões anuais de tendências tecnológicas, e não vemos menos necessidade de manter as iniciativas de sustentabilidade em seu sentido mais amplo durante o próximo ano. Garantir que as organizações continuem a medir e a melhorar as práticas ambientais, sociais e de governança empresarial será essencial para respeitar as pessoas, ser um parceiro comercial de confiança, inovar de forma responsável e proteger o nosso planeta. Todos estes aspectos serão objeto de uma busca crescente por parte dos clientes de soluções de segurança e proteção.

Todavia, dadas as condições extremas do ano passado, esperamos um enfoque mais forte especificamente na abordagem das alterações climáticas em 2023. É evidente que ainda não estamos a fazer o suficiente para travar a aceleração do aquecimento global e espera-se que todos os setores redobrem os esforços.

Para a Axis, um passo fundamental tem sido o compromisso com a iniciativa Science-Based Targets (SBTi), que nos permitirá estabelecer objetivos de redução de emissões, não apenas na empresa, mas através de toda a nossa cadeia de valor. E este é um ponto chave. Embora as organizações possam fazer grandes esforços para reduzir as emissões de suas próprias operações, elas podem ser prejudicadas se suas cadeias de valor upstream e downstream não estiverem alinhadas com os mesmos objetivos. 

Para as empresas de tecnologia, no entanto, a avaliação de suas próprias operações comerciais será apenas uma face da moeda do câmbio climático. Também se espera que demonstrem como seus produtos e serviços apoiam os objetivos de sustentabilidade de seus clientes, criando soluções que também ajudam essas organizações a reduzirem as emissões.

6) Um maior enfoque regulatório

Inevitavelmente, dada a sua onipresença e poder, o setor tecnológico passou a ser objeto de um maior escrutínio por parte dos órgãos reguladores e responsáveis políticos. Continuamos a acreditar que o foco deve ser sempre a regulamentação dos casos de utilização da tecnologia e não a tecnologia em si, que sempre respeitará a regulamentação local, regional e internacional. Contudo, pode ser um quadro complicado.

A Comissão Europeia é uma das mais ativas na regulação tecnológica, num esforço contínuo para proteger a privacidade e os direitos dos cidadãos. A sua proposta de Regulamentação da IA visa atribuir categorias de risco específicas às utilizações da IA e será o primeiro quadro jurídico sobre a tecnologia. Tal como a Diretiva sobre Responsabilidade Civil da Inteligência Artificial na União Europeia, o regulamento será, sem dúvidas, tema de muito debate antes de se tornar lei.

Mas quer em relação à IA, quer as exigências em torno da cibersegurança, da privacidade dos dados, da restrição da influência das "big tech", ou do estabelecimento da soberania tecnológica, é evidente que as empresas tecnológicas no setor da segurança terão cada vez mais que aderir a regulamentos mais rigorosos. Em termos gerais, isto deve ser saudado, uma vez que garantir a transparência empresarial e a prática ética continua a ser fundamental.

A maior oportunidade para o nosso setor continua a ser o alinhamento do sucesso comercial contínuo com a nossa responsabilidade de abordar as questões críticas que o planeta e a nossa população enfrentam. Como sempre, estamos otimistas que a combinação da nossa inventividade humana, avanços tecnológicos e práticas comerciais éticas podem ser combinadas para tornar o mundo um lugar melhor.

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