Lidar com a morte definitivamente não é uma tarefa simples. Perder um ente querido traz um misto de sensações em cada pessoa e o luto é um processo individual em que cada um tenta superar do seu jeito. Apesar disso, a psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross conseguiu identificar cinco estágios do luto, indo da negação à aceitação desta condição. Passar por esta jornada é imprescindível para que a recuperação seja a melhor possível. Contudo, isso não quer dizer que devemos enfrentar estas situações sozinhos e isolados. Há diversos filmes que ajudam neste processo. Confira cinco obras para cada uma dessas fases:
Negação – “O Sétimo Selo”
Um cavaleiro que retorna das cruzadas, se depara com a Morte querendo levá-lo e resolve desafiá-la para uma partida de xadrez para ganhar tempo. Esse é o enredo do clássico “O Sétimo Selo” (1957), do diretor sueco Ingmar Bergman. O personagem não aceita que sua hora chegou e, ao desafiar a Morte, espera ganhar tempo para realizar algo bom e encontrar significado em sua vida. Entretanto, a metáfora é verdadeira: a Morte nunca perde e, cedo ou tarde, todos iremos morrer.
Raiva – “Reine sobre Mim”
A morte da mulher e dos filhos faz Charlie querer romper com seu passado e criar em torno de si um “outro mundo”, como se fosse uma máscara para esconder sua frustração e solidão. O filme “Reine sobre Mim” (2007), de Mike Binder, traz a dificuldade das pessoas aceitarem o luto de entes queridos. Prova disso é a reforma inacabada da cozinha, que exemplifica a raiva do personagem. Não é fácil lidar com o luto. Assim como o Charlie, a melhor forma de passar por esta fase é retomar vínculos com amigos e companheiros para enfrentar esta situação.
Negociação – “O Quarto do Filho”
O psicanalista Giovanni tinha uma família feliz até que seu filho morre em um acidente no mar. A partir daí, ele lida com as dúvidas e obsessões que rondam a cabeça de quem perde um familiar. O que poderia ser feito para evitar a tragédia? Como trazê-lo de volta? Essas indagações estão no centro do filme italiano “O Quarto do Filho” (2001), de Nani Moretti. A fase da negociação compreende justamente esse movimento de entender o que aconteceu. Na obra, este processo é exemplificado pelo quarto, o local onde os familiares se encontram para evocar as boas lembranças e que jamais esquecerão.
Depressão – “PS: Eu te Amo”
Quando Gerry descobre que tem câncer de cérebro e morre, Holly vê sua vida desabar e não encontra forças para continuar. O filme “PS: Eu te Amo” (2007), de Richard LaGravenese, retrata a tristeza que costuma acometer as pessoas quando perdem as pessoas próximas. Essa sensação faz a pessoa se afastar de seus amigos e familiares e pode acarretar um quadro de depressão se não for superada. Na narrativa, a personagem consegue se reerguer ao descobrir mensagens deixadas pelo seu marido ainda em vida para ajudá-la a se recuperar.
Aceitação – “UP: Altas Aventuras”
Após anos de relacionamento, Carl Fredricksen perde sua mulher e se vê obrigado a morar em um asilo. Com a ajuda de balões, ele tenta fugir com sua casa para a aventura que ele sempre desejou fazer com sua companheira, mas a presença do escoteiro Russell o coloca em diversas confusões. A animação “UP: Altas Aventuras” (2009), de Pete Docter e Bob Peterson, mostra a última fase do luto, ou seja, o momento de aceitar a perda e continuar sua vida. Além disso, o filme é uma ótima oportunidade de tratar com as crianças um tema tão complexo e triste como a morte.
*João Paulo Magalhães é sócio do Grupo Colina dos Ipês, empresa que busca proporcionar dignidade e respeito no momento mais difícil que uma família pode passar .