No dia 15 de maio, a Comissão de Educação do Senado realizou uma audiência pública para discutir temas relacionados ao novo Plano Nacional de Educação (PNE) que deverá traçar as diretrizes do setor para o período entre 2024 e 2034. Especialistas consideram que as abordagens a respeito do tema oferecem as oportunidades ideais para introduzir na escola brasileira algumas características inovadoras que estão sendo usadas com sucesso e permitido que as edtechs avancem em velocidade exponencial no País.
De acordo com o estudo “Mapeamento Edtech 2022: Investigação sobre as tecnologias educacionais no Brasil”, elaborado pela Deloitte e pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), com apoio da AWS EdStart, o número de startups que solucionam dores da educação no Brasil através do uso intensivo de tecnologia e novos modelos de atuação registrou um crescimento de 44% no ano passado, chegando ao patamar de 813 empresas catalogadas.
PNE voltado a necessidades atuais
Para o diretor-presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), César Silva, tal avanço das edtechs é fruto das profundas transformações que o setor educacional sofreu e continua sofrendo nestes primeiros anos da 3ª década do século XXI. Ele ressalta que, de 2021 em diante, com a pandemia que levou a um crescimento intenso da oferta de cursos EAD, os grandes grupos privados e o ensino público que se estabeleceram a partir de um ensino presencial precisam corresponder à nova realidade de atendimento a um perfil de aluno com necessidades mais atuais e menos tradicionais.
“Sendo a educação um bem social, o produto deste setor é inspiracional. Por tanto, precisa ser motivador, precisa ter vínculo com a continuidade do estudo, ao mesmo tempo que precisa ser eficiente, econômico, e mais ainda dinâmico para aceitar mudanças trazidas pelos setores que empregam os formados nos cursos de graduação”, afirma.
Neste sentido, o fundador da edtech Beedoo, Álvaro Manzione, ressalta a necessidade de trazer, para o plano do Governo, a relevância de trabalhar o quanto antes para, assim como a maior parte das edtechs fazem, unir educação à gamificação num ambiente interativo e digital com interfaces nas quais crianças, jovens e adolescentes já estão acostumados. “O novo PNE precisa ser visto como uma oportunidade de repensar modelos. Ter um professor ensinando em meios digitais com os mesmos métodos e conteúdos que ele já utiliza nas salas de aulas presenciais não tornará a aula mais interessante. Desta forma a palavra ‘aula’ pode deixar definitivamente de ser associada ao adjetivo ‘chata’”, completa.
Incorporação dos recentes avanços tecnológicos
Ainda de acordo com Manzione, ferramentas como o metaverso e a gamificação precisam vir acompanhados pela inteligência artificial para potencializar a personalização de acordo com as necessidades e as características de cada tipo de indivíduo. "Dependendo do tipo de comportamento que os alunos desenvolvem ou do desempenho que cada um apresenta, será possível recomendar os conteúdos”, explica.
Com a utilização de modelos deste tipo seria possível eliminar o tédio das aulas de química e física, por exemplo, transformando essas disciplinas em algo tão estimulante quanto um bom game, e acabar com o abismo existente entre escolas que possuem e outras que não possuem laboratórios físicos em suas dependências. Ele acrescenta que se o professor quer trabalhar algum conteúdo que envolve experimentos químicos, com o metaverso os alunos não precisam estar em um laboratório real, nem usar itens reais.
“São apenas alguns exemplos que asseguram o início de uma marcha em direção a um novo tipo de educação cujo início pode ser a inclusão destes temas no PNE", conclui Manzione.