Atualmente, entendemos que grande parte das situações com a quais lidamos todos os dias são voláteis, incertas, complexas, ambíguas, não-lineares e frágeis. Não à toa, temos as definições de Mundo VUCA e, mais recentemente, BANI, para nos auxiliar a enxergar essas características com clareza.
A pandemia, por exemplo, foi um acontecimento que impactou fortemente todos os setores da sociedade, sendo responsável também por acelerar uma série de tendências que estavam previstas para acontecerem, pelo menos, cinco anos, como é o caso do desenvolvimento do trabalho remoto, por exemplo.
Além disso, uma pesquisa global realizada pela consultoria KPMG, mostrou que entre as companhias brasileiras entrevistadas, 71% aceleraram suas estratégias de transformação digital por causa da pandemia, enquanto 67% aumentaram seus orçamentos para esse fim de forma significativa ou moderada.
Esse aumento de recursos direcionados para a tecnologia chama atenção, justamente porque evidencia que a capacidade de adaptação é fundamental para as empresas, ainda mais do ponto de vista estratégico, para que aqueles dias de “apagar incêndios” fiquem para trás e que seja possível equilibrar processos de inovação e, até mesmo, de transformação digital, no dia a dia da organização.
Com isso, fica claro que essa capacidade de adaptação não é mais um diferencial, mas sim um caminho para uma constante evolução, que se estende também à proposta de valor e à essência de cada empreendimento, algo que também foi evidenciado nesse período de pandemia.
De acordo com o relatório Global Marketing Trends 2022, da Deloitte, muitas organizações estão redefinindo o porquê de sua existência, para além do lucro, o que deve modificar a entrega de produtos e serviços e o engajamento dos colaboradores e da comunidade. As empresas com maior taxa de crescimento são 66% mais prováveis de enxergar o propósito como uma forma de guiar a tomada de decisão dos times.
Retomando a questão da transformação digital, podemos conceituá-la como a criação de valor para os negócios das organizações a partir da aplicação de novas tecnologias digitais e de novas formas de se trabalhar.
Porém, por mais que ela seja uma questão de sobrevivência para as empresas atualmente, é importante ponderar a forma com a qual essa transformação será feita, porque existem uma série de fatores que devem estar interligados para, de fato, garantir a efetividade dessas ações.
Na era digital, os processos de transformação passam a coexistir e o grau de comprometimento com cada fase de um negócio será o que determinará o seu sucesso. Isso porque, o investimento sem business agility, por exemplo, vai dificultar a visibilidade dos impactos causados pelas mudanças em processos.
A pandemia também evidenciou uma tendência que já vinha se fortalecendo há algum tempo: o customer centric, que nada mais é uma forma orientar a tomada de decisões nas empresas, cujo foco passa a ser o cliente e suas necessidades.
Esse conceito está intimamente ligado ao business agility e as metodologias ágeis, e consequentemente, a proposta de geração de valor das empresas, indo muito além da simples oferta de produtos e serviços. De acordo com uma pesquisa da Gartner, já se estimava que em 2020, experiências ruins seriam responsáveis por destruir 30% dos projetos de negócio digitais.
Dessa forma, a criação de novos modelos de negócio nesse cenário não depende apenas dos investimentos, mas também da estratégia e da análise de contexto, que é necessário para gerar valor para além dos produtos ou serviços oferecidos, com ideias inovadoras e bem definidas, apresentando soluções completas e que enxergam o mercado como um todo, conhecendo a sua própria marca, os seus clientes e, principalmente, os agentes que fazem as engrenagens funcionarem.
Walter Ruiz é Co-Owner - Business Development da OPUS Software