No dia 2 de outubro de 2022 mais de 148 milhões de brasileiros e brasileiras aptos a votar irão às urnas para escolher o próximo presidente, governador, senador, deputados federais e estaduais. Mesmo sem ainda poderem fazer campanha ‘oficialmente’, os principais candidatos já são conhecidos. Não sabemos ainda os planos de governo e propostas, mas com certeza um ponto precisa ser colocado como urgente: a adoção de novas tecnologias.
Hoje, a transformação digital é vista como um item de primeira necessidade. Tanto quanto mais restaurantes populares, água de melhor qualidade, energia, moradia e saneamento básico. A tecnologia hoje está em tudo e permite que os cidadãos tenham mais segurança e conforto, por exemplo, o que resulta em uma melhor qualidade de vida. Já a administração pública é capaz de ser mais eficiente, consciente e inteligente, reduzindo principalmente custos com processos defasados, os automatizando.
É o conceito de smart cities colocado em prática e podendo ajudar o caos que se instalou principalmente depois do início da pandemia. A urgência é absoluta e os governos precisam prepará-las para o futuro. De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no ano de 2050 seremos nove bilhões de pessoas no planeta, sendo 70% concentradas nos centros urbanos. Se considerarmos que hoje as grandes cidades já consomem mais de 75% da energia produzida e emitem 80% dos gases do efeito estufa, como será daqui a 20 ou 30 anos?
Tecnologia para muitas pessoas ainda é vista como um custo, não um investimento. E candidatos, movidos pela sede populista, acabam levando mais a sério medidas de adoção rápida (ou megalomaníacas) do que algo que poderá, literalmente, preservar recursos naturais e tornar as cidades mais sustentáveis. Segundo o Ranking Connected Smart Cities, que avaliou todas as cidades brasileiras com mais de 50 mil habitantes, São Paulo foi considerada a cidade mais inteligente do Brasil.
Uma smart city exemplar tem aplicações que vão desde o monitoramento da qualidade do ar, uso de energia e iluminação pública, estacionamento inteligente, gerenciamento de grandes concentrações de pessoas. Isso leva a um tempo de trânsito e deslocamento menores, resposta a emergências acelerado e custos de saúde reduzidos. Menor consumo de água, resíduos não reciclados e emissões de gás nocivos. E se falta muito para que a quarta maior cidade do mundo em população tenha os recursos acima, imagine a situação das menores.
Há algumas em que a telefonia celular ainda nem chegou direito! A esperança é que 2022 seja o ano do 5G, com grandes cidades tendo acesso até julho, e a rede se estender pelo interior. Mas já se prepare para os atrasos. O sinal da TV digital, que começou a ser transmitido em 2007, hoje ainda não chegou em mais da metade dos municípios brasileiros.
E o 5G será fundamental para o avanço da popularização das smart cities. Elas usam a Internet das Coisas (IoT) para coletar dados em tempo real e entender melhor as mudanças de padrões, respondendo com soluções mais rápidas e de baixo custo. Será possível ter uma melhor experiência digital com maior velocidade de upload e download de dados, tempos de latência muito curtos e a capacidade de conectar milhares de dispositivos ao mesmo tempo, o que transformará profundamente nossas cidades.
Pense na possibilidade de usar as soluções digitais e tecnologia e dados para melhorar significativamente vários indicadores-chave de qualidade de vida. Tudo isso será realidade se os próximos governantes levarem a sério a transformação digital! Pesquise se os seus candidatos têm nos planos de governo iniciativas que estimulem o avanço das cidades digitais. O futuro do uso da tecnologia no Brasil está nas nossas mãos.
*João Moretti é consultor na área de tecnologia, CEO da Moretti Soluções Digitais, presidente da ABIDs e fundador e sócio das startups AgregaTech, AgregaLog, Rodobank, Paybi e outros. Mais informações no linkedin