Samea Nasraui, gerente de recursos humanos do Accountfy
Novas discussões acerca dos modelos de trabalho tomaram conta das redes sociais recentemente motivadas pelo vazamento do e-mail de Elon Musk, no qual o homem mais rico do mundo afirma que o home office não é mais aceitável.
Uma pesquisa publicada recentemente pela Accenture levanta questionamentos a respeito da qualidade de vida e produtividade de profissionais que trabalham presencialmente ou remotamente. De acordo com o estudo, apenas uma em cada seis pessoas se sente conectada ao trabalho, em um sentido humano. 42% que não se sentem conectados estão no modelo presencial, 36% no híbrido e 22% no totalmente remoto.
Os dados revelam ainda que, apesar da proximidade física, a falta de flexibilidade e suporte dos gestores aumentaram o senso de desigualdade, contribuindo para distanciar o colaborador da empresa. É nesse contexto que se apresenta o conceito “omniconectado”, um modelo que espera aproximar colaborador e empresa.
Tanto os modelos presenciais quanto remotos possuem seus desafios. O processo de adaptação e integração de equipes é complexo até mesmo no presencial, mas no remoto, criar memórias e sentimentos é ainda um desafio maior. Em um ambiente com mudanças constantes, colaboradores enxergam a necessidade de se automotivar, autogerenciar e autoliderar. E os que possuem essas “soft skills” são os que menos sentem os impactos negativos.
Essa versatilidade entre modelos é essencial. Entretanto, também é necessário avaliar e conciliar uma separação entre ambientes profissionais e domésticos, para que os colaboradores consigam deixar “o trabalho no trabalho”, sem o levar para casa.
Além disso, o modelo remoto ajudou a quebrar o estereótipo de que, para ser produtivo, o profissional precisa estar fisicamente no escritório. Isso porque o que antes podia ser visto com desconfiança, por parte dos gestores, em relação ao nível de entrega dos colaboradores a distância, hoje é visto como aliado em um momento de incertezas.
O termo “omniconectado” é definido pela Accenture como uma experiência na qual o colaborador se sente incluído e pertencente ao trabalho, impulsionando carreiras, criando relacionamentos de confiança e fomentando valor entre profissional e negócio, independentemente da localização física.
O modelo tem ações-chave que visam introduzir uma liderança empática, com senso de transparência e confiança; criar normas culturais que priorizem o propósito e a segurança psicológica do profissional; dimensionar novas formas de trabalhar, com maior flexibilidade; e otimizar o uso da tecnologia na capacitação das pessoas. Ganha ênfase o trabalho flexível – impulsionador do modelo híbrido – priorizando o bem-estar e a produtividade.
Segundo o relatório da consultoria, o “omniconectado” já tem trazido resultados. Companhias que implantaram o conceito já observaram aumento de 7,4% na receita anual, uma retenção de talentos 59% maior, e profissionais 35% mais propensos a entregar trabalhos com mais qualidade.
Assim, sob essa ótica, o que não deve ser mais aceitável na realidade são ambientes de trabalho que não levem em conta o bem-estar do colaborador e um relacionamento de confiança com a organização, seja dentro ou distante do escritório.