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11/07/2022 às 10h18min - Atualizada em 11/07/2022 às 11h50min

O poder de transformação das Construtechs

SALA DA NOTÍCIA Paula Ferezin

“A tecnologia será a grande protagonista do mercado nos próximos anos”
 
 
 
*Por Marcos Bicudo
 
 
 
Crescimento exponencial significa crescer com potência, de forma escalável, multiplicando as bases do negócio com geração direta de impacto no mercado. Este é um cenário grandioso, o qual temos a oportunidade de vivenciar na construção civil, graças à tecnologia alavancada pelas construtechs, que são startups do setor.
 
Para se ter uma ideia do potencial deste segmento, de acordo com o último “Mapa das Construtechs e Proptechs” divulgado pela Terracotta Ventures, esse ecossistema registrou aumento de 235% nos últimos cinco anos. Hoje temos muitas Construtechs e Proptechs no Brasil. Ou seja, trata-se de um movimento de transformação impulsionado pelo processo de inovação proposto por essas startups e seus respectivos empreendedores diretamente às construtoras e incorporadoras.
 
Sabemos que o mercado de trabalho na construção tem impacto direto na economia do país pela sua representatividade e potencial. Porém, o setor experimenta taxas elevadas de desperdício de recursos e matérias primas pelas construtoras e baixa produtividade dos trabalhadores. Enfrentamos também todas as questões da falta de segurança desses profissionais. Este é um cenário totalmente decorrente do atraso tecnológico que o setor sofre. Imagine o potencial de transformação e seu respectivo impacto no meio ambiente e no país!
 
Muitas construtoras e incorporadoras mantêm equipes internas dedicadas ao estímulo para conexão com startups para compartilhar as suas “dores”. E assim poder buscar a inovação e a tecnologia para influenciar positivamente seus processos de gestão. Mas, a transformação digital ainda encontra resistência de ordem cultural para ganhar a dimensão que precisa para transformar este mercado.
 
O artigo "Which Industries Are the Most Digital (and Why)?”, publicação da Harvard Business Review, aponta que a construção civil é o segundo setor da economia que menos adota medidas tecnológicas em seus processos. Essa informação nos provoca uma importante reflexão sobre as mudanças de paradigmas que precisamos para fazer do presente um caminho de evolução para o futuro: impulsionar a eficiência, sugerindo uma evolução rápida, dinâmica e descentralizada está entre os papéis das construtechs, totalmente alinhado com as estratégias necessárias para o crescimento do setor.
 
Esses também são os efeitos da melhora na comunicação entre os profissionais, que resulta na eficiência do acompanhamento e da coordenação dos projetos. Neste sentido, a tecnologia impacta tanto no tempo de execução e entrega quanto para minimizar riscos e retrabalhos.
 
Isto inclui ainda um importante grau de redução na geração de resíduos nos canteiros, já que uma gestão de alta performance influencia na execução de todo o ciclo de vida da edificação. É por isso que ter o controle dos dados durante a gestão é fundamental para a aplicação de melhorias.
 
A ConstruCode, por exemplo, construtech que atua do escritório ao canteiro, chega a alcançar uma redução de papel gasto com projetos impressos de forma geral superior a 90%. Para se ter uma ideia, uma única obra chega a gerar mais de 120 mil impressos. Com a digitalização, essa startup evita a emissão de 12 toneladas de CO2 e preserva 34 árvores (por obra). Se fosse necessário imprimir todos os projetos nesse canteiro, o montante equivaleria ao estádio do Pacaembú (em São Paulo) totalmente revestido de papel.
 
Contar com as soluções desenvolvidas pelas construtechs é também uma maneira eficaz de contribuir para a implantação do modelo ESG (sigla em inglês para governança corporativa, social e ambiental), melhorando consideravelmente o índice de produtividade das construtoras e incorporadoras, por meio do uso de novas tecnologias focadas na digitalização dos projetos e em uma interface mais transparente e imediata entre seus executores.
 
A gestão ESG na construção civil deve contemplar aspectos do desenvolvimento de projetos porque é fundamental observar o impacto da obra sobre os recursos naturais e as comunidades onde estão inseridas. Mais do que erguer uma edificação, é preciso respeitar o consumo consciente dos insumos e a realidade socioeconômica da região, bem como garantir que todo o ciclo seja virtuoso.
 
As construtechs nos oferecem este novo olhar sobre como construir, considerando aspectos de inteligência que nos convidam a um novo patamar de desenvolvimento tecnológico. É para este cenário que temos que caminhar se queremos gerar impactos socioambientais positivos trazendo eficiência e sustentabilidade para a construção civil no Brasil.
 
*Marcos Campos Bicudo é presidente da Vedacit. Formado em Administração de Empresas pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), com especializações em Programas de Gestão Executiva em Harvard, INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Empresas), Kellogg e Universidade de Cambridge. Possui 23 anos de experiência na indústria de bens de consumo (B2C), 7 anos na indústria de materiais de construção, iluminação e saúde (B2B) com mais de 14 anos atuando como CEO em empresas como Amanco, Philips e Masisa, com sólida carreira internacional nos Estados Unidos, Canadá, Europa e América Latina.


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