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17/05/2023 às 15h48min - Atualizada em 18/05/2023 às 14h42min

Melão pra China, impacto pro Brasil: avanço da fruta ameaça reserva de água no RN

Com a perspectiva de dobrar produção para atender chineses, avanço da fruta sobre territórios que produzem alimentos e uso exaustivo da água aumentam a tensão entre camponeses e agronegócio fruticultor

SALA DA NOTÍCIA Assessoria de Imprensa


Por Mariana Costa, com colaboração de Maíra Mathias,enviadas à Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte
 

Em vez do sabor suave e adocicado do melão, um gosto amargo toma conta da memória do agricultor Francisco Edilson Neto, de 65 anos, ao lembrar de sua primeira experiência com a fruta. “O melão conseguiu destruir o sonho de muita gente”, lamenta.

 

Crédito: Divulgação Agrícola Famosa

Com a autoridade de quem acompanha de perto a trajetória da agricultura irrigada e das principais empresas de fruticultura há muitos anos, Josivan Barbosa afirma que as expectativas de exportar melões do semiárido para a China ainda “estão mais no campo político” e não são reais. “Não tem água. Para justificar a frequência do navio, teria que ter mais 10 mil hectares, certo? Isso representa 50% a mais da área plantada hoje. Não tem água pra isso. Um ponto-chave é esse, o outro é a logística. São 35 dias de navio. A fruta não aguenta. Teria que ter material genético com vida útil pós-colheita muito longa, de 40 a 45 dias. Ainda não temos”, avalia Josivan.

 

O melão depende das abelhas para polinização. São 6500 colméias . Crédito: Divulgação Agrícola Famosa

Frequentemente o uso das abelhas é associado a um manejo sustentável da produção, mas esses insetos, por serem exóticos, exercem função meramente produtiva na polinização de produtos agrícolas e na produção de mel e geleias em maior escala.

No início, a aposta era em um imenso cajueiro, mas uma grande seca levou a empresa a abandonar a fruta e partir para outros cultivos. Uma das experiências foi com o melão. E deu certo. Em apenas um ano, a primeira leva da fruta chegou à Inglaterra, feito que completou 40 anos em 2022. “Com esse sucesso da Maísa, logo em seguida ela instala um conjunto residencial com 600 casas na sua própria fazenda. E foi uma revolução porque você tinha toda a estrutura de moradia para o trabalhador rural. E esse trabalhador passou a ter uma casa, com água e esgoto, com área de lazer”, lembra o professor.

Procuramos a Agrícola Famosa, por e-mail e telefone, mas a empresa não respondeu aos questionamentos.

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