Em decorrência da redução do volume produzido no ano e dos produtores reservando um espaço maior para o cultivo de outros grãos, o território paulista terá uma redução na área plantada de trigo em 2024, de acordo com as informações apresentadas durante reunião da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo no dia 29 de fevereiro, em Capão Bonito (SP).
Esse foi um dos temas debatidos no encontro, que reuniu a cadeia produtiva do trigo para analisar as projeções para o ano e debater como o estado pode continuar produzindo com qualidade a matéria-prima para a indústria moageira paulista.
“Todas as cooperativas que apresentaram seus reportes apontaram para uma redução de, pelo menos, 20% de suas áreas para a próxima safra, o que, provavelmente, vai se refletir no saldo final de produção no encerramento do ano”, explica o novo Presidente da Câmara Setorial, Nelson Montagna.
Elas indicaram como principal fator para isso a indecisão dos produtores sobre qual cereal plantar em suas propriedades, com o milho trazendo um cenário mais favorável a eles.
Apresentando o contexto atual do cereal no mundo e no Brasil, o Head de trigo da OpenSolo, Rafael Mihailovici, explicou sobre a importância do Hemisfério Norte para o mercado global. “De acordo com o último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Hemisfério Norte representa 85% da produção mundial e ditam uma queda nos preços globais, principalmente por conta da Rússia e dos Estados Unidos”.
Segundo o profissional, os EUA passam pelo ritmo mais lento de exportação dos últimos 50 anos, mesmo com uma produção boa em termos de qualidade, por conta dos preços menos competitivos em relação ao trigo do Mar Negro. A Rússia, em contrapartida, tem investido nos portos para ampliar seu escoamento do cereal.
No Brasil, Mihailovici pontuou que todas as commodities passam por um momento de queda, além de apontar a transição do fenômeno climático El Niño para o La Niña. “Há uma expectativa de uma neutralidade do El Niño até o meio do ano e, no segundo semestre, espera-se a chegada do La Niña. Nos anos em que ela ocorreu, o trigo acabou tendo uma produtividade muito boa tanto em São Paulo quanto nos demais estados do Sul”, reforça.
Mudança na presidência da Câmara Setorial
O encontro também marcou a eleição do Supply Manager do Moinho Anaconda, Nelson Montagna, como novo Presidente da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo, tendo o Diretor de operações de mercado agrícola da cooperativa Castrolanda, José Reinaldo Oliveira, como Vice-Presidente. Os dois ocuparão seus cargos no biênio 2024/25.
A reunião contou, ainda, com palestras sobre as novidades em sementes para a próxima safra, com participação de profissionais da OR Sementes e da Biotrigo/GDM, além de uma apresentação sobre a importância do manejo adequado do trigo no pós-colheita.
O Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo) transmitiu a reunião ao vivo em seu canal do YouTube. O vídeo na íntegra pode ser acessado clicando aqui.