O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, deverá receber os líderes das outras seis grandes democracias industrializadas na cidade marcada pela destruição nuclear em 1945 e que tem, atualmente, vários monumentos à paz.
A invasão da Ucrânia, lançada pela Rússia há 15 meses, vai dominar a agenda, com “discussões sobre a situação em solo”, revelou o conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan.
Os Estados Unidos e os seus aliados aumentaram o envio de armas para a Ucrânia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky deverá participar na cúpula por videoconferência.
As conversações devem centrar-se no reforço das sanções a Moscou, que já levaram a uma contração da economia russa no primeiro trimestre de 2023. Os líderes do G7 também vão discutir sanções contra o comércio russo de diamantes, que rende anualmente vários bilhões de dólares ao país.
Os líderes do grupo e da União Europeia deverão também dedicar parte das discussões à China e, em particular, à forma de se protegerem de uma eventual chantagem econômica de Pequim, diversificando a produção e as cadeias de abastecimento. Enquanto isso, o governo de Xi Jinping se mostra disposto a recorrer a barreiras comerciais. A escalada de ameaças de Pequim contra Taiwan também vai estar na mesa.
No entanto, os países europeus, em especial França e Alemanha, querem garantir que a eliminação dos riscos não significa cortar relações com a China, um dos maiores mercados mundiais, com um conselheiro de Emmanuel Macron frisando que o G7 “não é um G7 anti China”.
Outro tema em debate vai ser o desarmamento nuclear. Esta semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou aos países do G7 para que declarem que não usarão “em nenhuma circunstância” armas nucleares.
"Este é o momento em que devemos insistir na necessidade de revitalizar o desarmamento, especialmente o desarmamento nuclear", disse Guterres à imprensa japoneses, antes de visitar Hiroshima.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, quer aproveitar a cúpula para pressionar os demais líderes do G7 a se comprometerem com a transparência sobre os estoques e redução dos arsenais nucleares.
As autoridades norte-americanas afirmaram que Washington não vai promover uma agenda independente sobre armas nucleares em Hiroshima, enquanto fontes do governo alemão afirmaram que o desarmamento nuclear não era uma prioridade, acrescentando que o tema era importante "principalmente para o Japão".
O Japão também convidou oito países para a Cúpula do G7, incluindo grandes economias emergentes como a Índia e o Brasil, em uma tentativa de conquistar alguns líderes relutantes em se oporem à guerra da Rússia na Ucrânia e às crescentes ambições militares de Pequim.
Os líderes do G7 já começaram a chegar a Hiroshima, a cidade que ficou destruída por uma bomba atômica norte-americana, lançada em 6 de agosto de 1945, provocou a morte de 140 mil pessoas.
Para sábado (20) está prevista uma visita ao Museu Memorial da Paz da cidade, que abriga exposições sobre a dimensão da tragédia.
Espera-se que Kishida, Joe Biden, Rishi Sunak e outros líderes do G7 visitem as exposições, incluindo uma simulação que reproduz a onda de destruição que se seguiu ao bombardeio, com o custo humano representado por objetos comuns - uniformes escolares rasgados, o conteúdo de uma lancheira queimado e um triciclo cujo dono de três anos morreu 24 horas após o bombardeio.
A decisão do primeiro-ministro japonês de escolher Hiroshima para acolher o encontro vem acompanhada de uma forte dose de simbolismo, cuja presença física mais marcante, a cúpula da bomba atômica, será representada quando os líderes depositarem flores em um memorial fúnebre para as 333.907 pessoas cujas mortes foram atribuídas à bomba atômica há quase oito décadas.
Além disso, a família de Fumio Kishida é natural de Hiroshima e o atual primeiro-ministro japonês foi um funcionário eleito da cidade.
Kishida pretende usar a Cúpula do G7 para convencer seus convidados, incluindo o Reino Unido, a França e os EUA, que, em conjunto, possuem milhares de ogivas nucleares, a se comprometerem-se com a transparência sobre seus arsenais e reduzi-los.
No período que antecedeu a cimeira, Kishida falou do seu desejo de "um mundo sem armas nucleares".
"Acredito que o primeiro passo para qualquer esforço de desarmamento nuclear é proporcionar uma experiência em primeira mão das consequências de lançamento de uma bomba atômica e transmitir, firmemente, a realidade", disse o primeiro-ministro japonês.