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28/05/2021 às 17h56min - Atualizada em 28/05/2021 às 17h56min

EUA: Biden propõe orçamento de US$ 6 tri para 'reinventar' economia

Se aprovada, proposta de gastos feita pelo presidente norte-americano levaria o país a uma dívida recorde

Rodrigo Hubner
Portal R7 Notícias

Presidente dos Estados Unidos - Joe Biden : Foto: White House

"Devemos aproveitar o momento para reinventar e construir uma nova economia americana que invista na promessa e no potencial de cada americano", disse o presidente Biden em mensagem ao Congresso.


A epidemia de covid-19 mergulhou os Estados Unidos em sua pior crise econômica desde os anos 1930 e, embora a maior economia do mundo esteja começando a se recuperar, ainda está longe dos níveis pré-pandêmicos.
 

"Os Estados Unidos não podem simplesmente se dar ao luxo de voltar para onde estavam antes da pandemia e da recessão econômica, com as fraquezas estruturais e as desigualdades da velha economia ainda existentes", alertou o presidente.


Nos EUA, o orçamento anual do presidente é mais uma lista de desejos ou uma mensagem sobre suas prioridades do que qualquer outra coisa. São os legisladores que decidem em última instância a quantidade e o destino do dinheiro, e o atual Congresso tem uma maioria democrata muito estreita.

Os republicanos da oposição têm medo de dar protagonismo ao governo central. E até mesmo alguns dos apoiadores de Biden alertam que a economia dos Estados Unidos, agora pronta para se recuperar dos efeitos da pandemia, corre o risco de entrar em uma espiral inflacionária.

No entanto, o plano maciço indica a determinação da Casa Branca em dar peso à campanha de Biden para repensar a relação entre o governo e o setor privado.

Segundo o plano de Biden, o tesouro nacional liberaria cerca de US$ 6 trilhões em 2022, com aumentos progressivos até US$ 8,2 trilhões (cerca de R$ 42,7 trilhões) em 2031.

Todo esse gasto pode se somar ao endividamento, que hoje representa mais de 100% do Produto Interno Bruto. A expectativa é de atingir 111,8% do PIB em 2022 e 117% em 2031.

O democrata deixou claro o destino dos US$ 6 trilhões: grande parte disso iria para um projeto de infraestrutura proposto originalmente em US$ 2,3 trilhões (R$ 12 trilhões), mas que foi reduzido para US$ 1,7 trilhão (cerca de R$ 9 trilhões) nas negociações com o Congresso.

Outra fatia de US$ 1,8 trilhão (cerca de R$ 9,4 trilhões) iria para aumentar o financiamento do estado para educação e serviços sociais como parte da estruturação de uma força de trabalho melhor no século 21.

O objetivo geral, argumentou Biden, é aumentar a classe média além de deixar os Estados Unidos "mais competitivos" em relação a seus adversários.
 


O orçamento proposto será divulgado pouco antes do fim de semana prolongado do Memorial Day e com o Congresso em recesso por uma semana.

Apresentá-lo agora pode reduzir sua força no Capitólio, onde muitos democratas querem que Biden use seu controle sobre o Congresso para aprovar uma legislação transformadora, mas os republicanos estão tentando bloquear a maior parte do que o presidente está propondo.

As prioridades de gastos representam apenas um dos pontos de divisão entre as duas partes.

Por exemplo, os republicanos são praticamente unânimes em se opor à ampla definição de infraestrutura de Biden, que inclui energia verde e programas sociais.

Há ainda menos consenso sobre como pagar por esses planos.

Biden quer arrecadar dinheiro encerrando um corte de impostos corporativos que os republicanos aprovaram sob seu antecessor Donald Trump.


O presidente também quer perseguir vigorosamente as brechas fiscais utilizadas pelas grandes corporações multimilionárias.

Os republicanos se recusam a aceitar esse mecanismo, dizendo que seus planos de gastos com infraestrutura, mais modestos, poderiam ser pagos com a realocação de dinheiro não gasto já previstos em orçamento.

Apesar do impasse e da grandiosidade do orçamento de Biden, a Casa Branca ainda tem uma potencial carta na manga.

Em regra, Biden precisa de pelo menos 10 republicanos para atingir as maiorias exigidas no Senado, hoje divididas igualmente entre os dois partidos, uma tarefa no mínimo difícil.

Porém, se os democratas permanecerem unânimes, o que também não é garantido, eles poderão aprovar o orçamento por meio de um procedimento rápido conhecido como reconciliação, que exige menos votos.


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